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Dez anos após golpe frustrado, Chávez comemora regresso triunfal ao poder

Agência France-Presse
postado em 12/04/2012 20:02
Caracas - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, deve comemorar nesta quinta (12/4) e na sexta-feira (13/4) o décimo aniversário de seu retorno triunfal ao poder depois de um breve golpe de Estado, horas depois de voltar de Cuba onde encerrou um terceiro ciclo de radioterapia contra um câncer.

Chávez anunciou que participará dos atos comemorativos dos acontecimentos de 11 a 13 de abril de 2002 que marcaram o antes e o depois da vida política da Venezuela e significaram, segundo o presidente, o avanço de sua "revolução socialista". Até agora, o presidente se manifestou apenas através de sua conta no twitter comentando: "Quantas lembranças", "saúdo a todos", escreveu na apresentação de um livro sobre esses acontecimentos.

Como parte das comemorações, nesta quinta-feira (12/4) simpatizantes do governo se concentraram em frente à embaixada de Cuba que, há dez anos, foi atacada por opositores de Chávez. Nos atos, que continuarão na sexta-feira (13/4), estão previstos a visita do presidente uruguaio, José Mujica, que viajará à tarde a Caracas para se reunir com seu homólogo venezuelano, informou o site da presidência uruguaia.

Em sua volta a Caracas na quarta-feira (11/4), depois de se submeter em Havana a um terceiro ciclo de radioterapia contra um câncer recorrente diagnosticado em 2011, Chávez fez um tributo "ao povo e às Forças Armadas" cuja lealdade, disse, permitiu seu retorno ao poder, menos de 48 horas depois de sofrer o golpe de Estado. "O império e a burguesia em 2002 conseguiram chegar à equação perfeita: a união cívico-militar", afirmou Chávez de madrugada, para quem o povo foi submetido a uma "tremenda prova" nesses dias.

Chávez, de 57 anos, homenageou aqueles que, na ocasião, "perderam sua vida para salvar a deste soldado" e pediu para ficarem "alerta" diante de supostos planos da oposição de desestabilizar de novo o país, antes das eleições presidenciais de 7 de outubro quando busca sua segunda reeleição.

Os acontecimentos de abril de 2002 polarizaram a sociedade venezuelana e há quem veja Chávez como um benfeitor para as classes populares e há quem considere que está conduzindo o país petrolífero pelo caminho do autoritarismo.

O golpe frustrado é "para Caracas o que foi para Havana a invasão da Baía dos Porcos: vitimizou Chávez e legitimou sua posição de combate contra a burguesia e o império americano", disse à AFP o sociólogo Tulio Hernández.

No dia 11 de abril, milhares de opositores, descontentes com as políticas do governo, marcharam em direção ao palácio de Miraflores para exigir a renúncia do ex-militar, no poder desde 1999.

A manifestação, que tinha sido convocada pela Confederação de Trabalhadores da Venezuela (CTV), principal central operária do país, e Fedecâmaras, a patronal mais importante, acabou de forma violenta com 19 mortos e centena de feridos.

Na noite de 11 a 12 de abril, os chefes militares retiraram o apoio ao presidente e anunciaram pela televisão que Chávez tinha renunciado ao cargo.

No dia 12 de abril, o empresário e presidente da Fedecâmaras, Pedro Carmona, prestou juramento como presidente e dissolveu os poderes do Estado. Mas, um dia depois, militares leais se pronunciaram a favor de Chávez, realizaram manifestações populares e os militares rejeitaram Carmona. Chávez voltou então, triunfalmente, de helicóptero a Miraflores, recebido por uma multidão delirante, proveniente da ilha caribenha de Orchila, onde era prisioneiro. Depois disso, o chavismo conseguiu dominar as instituições do Estado e a oposição, que tinha sofrido uma derrota esmagadora, decidiu boicotar em 2005 as eleições legislativas, entregando todo o poder legislativo ao presidente.

Uma década mais tarde, Chávez enfrenta um câncer cuja gravidade é desconhecida e o fortalecimento da oposição, unida ao redor do governador Henrique Capriles Radonski para as eleições de outubro. O líder venezuelano reconheceu que os meses que faltam para as eleições vão ser duros. Em uma emocionada oração na quinta-feira da Páscoa durante uma missa por sua saúde, ele pediu "vida" porque, disse, ainda tem "coisas a fazer".

Chávez ainda deve se submeter nas próximas duas semanas a longas sessões de radioterapia em Cuba. Contudo, antes de partir para Havana pode viajar a Cartagena (Colômbia) para participar da abertura da Cúpula das Américas se sua saúde permitir, segundo o governo anfitrião.

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