Agência France-Presse
postado em 13/04/2012 13:52
Cartagena, Colômbia - O presidente Barack Obama, que chega nesta sexta-feira (13/4) a Cartagena para se reunir com os líderes latino-americanos e do Caribe em uma cúpula convocada para debater a integração para a prosperidade, é esperado por seus pares com três temas incômodos, fora de agenda: drogas, Cuba e Malvinas.As três questões dominaram na quinta-feira os debates dos chanceleres da região, que querem buscar alternativas à guerra contra as drogas impulsionada pelos Estados Unidos, que nas últimas décadas provocou milhares de mortes na América Latina, incluir Cuba nas cúpulas das Américas e apoiar a reivindicação argentina sobre as Malvinas.
O impulsionador do debate sobre as drogas, o presidente da Guatemala Otto Pérez, que chegou na noite de quinta-feira a Cartagena, disse antes de deixar seu país que deseja que a cúpula forme ao menos um grupo de especialistas para estudar o ocorrido em países que despenalizaram o consumo.
Pérez, que para abrir este debate conta com o apoio dos presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Costa Rica, Laura Chinchilla, poderá abordar finalmente sua proposta sobre as drogas no próximo sábado com seus vizinhos da América Central, uma região convertida na mais violenta do mundo, segundo a ONU, pelos cartéis do narcotráfico.
Os presidentes de Honduras, Porfirio Lobo, da Nicarágua, Daniel Ortega, e de El Salvador, Mauricio Funes, boicotaram no último momento no dia 24 de março uma cúpula centro-americana convocada por Pérez para debater o tema.
Os Estados Unidos, que se opõem terminantemente a considerar qualquer outra estratégia contra as drogas que não seja a guerra que impulsionou na Colômbia e no México e que atualmente propõe na América Central, foram acusados pelo presidente Pérez de ter incentivado o boicote ao encontro na Guatemala.
Santos e o presidente do México, Felipe Calderón, que lançou em seu país a guerra contra os cartéis, que deixou mais de 50 mil mortos em cinco anos, participarão da reunião dos centro-americanos, que será preparada nesta sexta-feira pelos chanceleres.
Vários países latino-americanos, liderados por Brasil, Argentina e Venezuela, incentivam a posição de que esta deve ser a última cúpula das Américas na qual Cuba não participa. Por este motivo, o presidente do Equador, Rafael Correa, boicotou o encontro em Cartagena e deve ser o único presidente ausente, se o venezuelano Hugo Chávez chegar, como está anunciado. Estados Unidos e Canadá não aceitaram convidar Cuba a esta cúpula até que o país seja uma democracia e se integre à OEA.
Os países latino-americanos apoiam a Argentina em sua pretensão de incluir a disputa com a Grã-Bretanha sobre as ilhas Malvinas na declaração final da cúpula, o que também conta com a oposição de Estados Unidos e Canadá. Referindo-se a estes dois países, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, advertiu que "ou escutam e retificam a tempo ou estas cúpulas acabam, não há mais cúpulas deste tipo".
Durante uma reunião na noite de quinta-feira com seus pares para negociar a declaração final da cúpula, a chanceler colombiana, María Angeles Holguín, os convidou "a construir consensos". No entanto, classificou como positivo para a reunião que sejam tratados temas como "o problema mundial das drogas, a participação de Cuba em processos de Cúpulas e das ilhas Malvinas". "Tudo isso é positivo, assim teremos posições diversas entre nós", enfatizou.
A secretária de Estado Hillary Clinton é esperada ao meio-dia desta sexta-feira e encerrará, junto com Santos e com o presidente da Bolívia, Evo Morales, um Fórum Social que reuniu na quinta-feira representantes do movimento sindical, comunidades indígenas e organizações da sociedade civil.
Vários presidentes latino-americanos e o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, participarão durante toda a sexta-feira de um Fórum Empresarial, que contará com a presença de três centenas de importantes empresários do continente. A cúpula propriamente dita acontecerá no sábado e no domingo.