Agência France-Presse
postado em 13/04/2012 14:29
Oslo - Nação tranquila conhecida por sua tolerância e qualidade de vida, a Noruega foi subitamente mergulhada no terror na sexta-feira do dia 22 de julho de 2011, após os ataques do extremista de direita Anders Behring Breivik. Às 15h25, uma forte explosão, ouvida por quilômetros, tirou o país de seu torpor de verão: uma caminhonete alugada que transportava cerca de 950kg de explosivos explodiu no pé do edifício que abriga a sede do primeiro-ministro, no bairro dos ministérios, em Oslo.Felizmente, Breivik se atrasou em um engarrafamento e muitos funcionários já tinham ido embora. O ataque matou oito pessoas e feriu mais de 200. O chefe de Governo, Jens Stoltenberg, trabalhava em sua residência oficial no momento do ato e não foi ferido.
No carro estacionado nas proximidades e utilizado para a fuga, Breivik escutou na rádio que, ao contrário de suas expectativas, o prédio do governo não desmoronou. O seu objetivo declarado era o de provocar um ataque espetacular para atrair a atenção para o seu "manifesto", um documento de 1.500 páginas em que fazia propaganda de sua ideologia anti-muçulmana.
Ele decidiu então passar para a segunda fase de seu plano. Por volta das 17h15, disfarçado de policial, desembarcou na ilha de Utoeya, a 40 km de Oslo, onde, como a cada ano, centenas de jovens social-democratas se reúnem para um acampamento de verão.
E o tiroteio começou: após descer da barca MS Thorbjoern, que faz a ligação com o continente, matou primeiro a "matriarca" do acampamento, Monica Bosei, e um policial fora de serviço responsável pela segurança. Armado com um fuzil Ruger e uma pistola Glock, ambos semi-automáticos, vasculhou a ilha e tentou ganhar a confiança de jovens desesperados ao se passar por um oficial da inteligência que tinha vindo informá-los do atentado de Oslo. No refeitório, 13 pessoas caíram atingidas por seus disparos. No "caminho do amor", que percorre toda a costa, dez outros morreram, e mais 14 perto da caixa d;água.
O massacre durou mais de uma hora: 186 projéteis foram encontrados. Presos na ilha, alguns jovens se jogaram nas águas geladas do lago. Alertados pelos tiros, os ocupantes de um acampamento vizinho tentaram resgatá-los com seus barcos, mas também foram atingidos. "Todos vocês vão morrer, marxistas", exclamou o assassino, que tomou substâncias energéticas ilegais e que, ao que parece, ouvia música enquanto praticava o massacre. Por duas vezes, ligou para a polícia e anunciou a sua rendição. "Eu completei minha operação e quero me render", disse.
Mas essas ligações foram rapidamente interrompidas e, como em um daqueles jogos de videogame do qual ele é adepto, continuou a atirar sem parar contra todos que encontrou, sem hesitar em acabar com os feridos: 56 de suas 69 vítimas de Utoeya foram encontradas com uma bala na cabeça.
Vinda de Oslo pela estrada e, em seguida, a bordo de um pequeno barco inflável, uma equipe da polícia de elite finalmente conseguiu, em condições épicas, chegar em Utoeya. Às 6h35, Breivik foi finalmente detido.
Das 564 pessoas presentes em Utoeya, 67 morreram no tiroteio e duas outras por queda ou afogamento. Trinta e três ficaram feridas. A maioria das vítimas era menor de 20 anos: a mais jovem tinha completado, dias antes, seus 14 anos. Sinal da explosão de violência, oito buracos feitos por balas foram encontrados no corpo de um adolescente de 18 anos.
Behring Anders Breivik reconheceu seus atos, mas se recusa a confessar sua culpa.