Agência France-Presse
postado em 13/04/2012 14:42
Paris - Uma onda de otimismo varreu nesta sexta-feira (13/4) a campanha presidencial de François Hollande, impulsionado pelo crescimento nas pesquisas, antes da batalha dos megacomícios que ele e Nicolas Sarkozy vão realizar em Paris no domingo (15/4), diante de dezenas de milhares de simpatizantes.Hollande, que parecia paralisado em uma campanha que não empolgava os franceses, após uma sequência favorável ao atual presidente e de um notável avanço da esquerda radical, agora está de volta. Quase incorporando um presidente, ele concedeu uma entrevista ao jornal Libération.
Ao jornal de esquerda, confirmou sua linha: a "recuperação" das finanças públicas "dentro da justiça", em primeiro lugar através da tributação das rendas mais elevadas, e sua vontade de reconciliar a sociedade francesa com ela mesma, depois de vários anos de "divisões", "deficiências", privilégios relacionados com a "propriedade, nascimento ou redes".
Ao se posicionar em termos de moralidade, ele quer "restaurar a ação exemplar do Estado", ver o homem desaparecer por trás de sua função: "Nós sofremos muito com esta deriva pessoal, envergonhados por esse tipo de exposição permanente, de revelações", disse, referindo-se ao atual presidente. Com semblante sério e usando um terno escuro, Hollande definiu seu objetivo de forma clara, em uma pose quase presidencial, e disse que não está em campanha "por diversão" nem para fazer um espetáculo.
Cinco pesquisas realizadas nas últimas 24 horas confirmam uma vitória confortável do candidato no segundo turno, no dia 6 de maio, com 55 a 57% das intenções de voto. E a vantagem, que ficou por algum tempo no campo do presidente em exercício, também parece estar de volta ao seu lado para o primeiro turno, em 22 de abril.
Quinta-feira (12/4) à noite, o instituto CSA, que desde o final de março anunciava Nicolas Sarkozy à frente do candidato socialista, informou uma nova reviravolta, com François Hollande retomando a dianteira (27% contra 26%). As tendências mostram um enfraquecimento do atual presidente, como a pesquisa TNS Sofres desta sexta-feira, que observou uma queda de 3 pontos em menos de 15 dias.
O candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, o fenômeno desta campanha, confirma seu terceiro lugar com cerca de 16%, praticamente empatado com a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen. François Hollande se recusou a comentar o resultado das últimas pesquisas e reiterou aos eleitores, tentados por Jean-Luc Mélenchon, que ele precisa fazer no primeiro turno "a maior pontuação possível."
Em Moulins (centro), onde esteve nesta sexta-feira, insistiu: "Podemos vencer, vencer por nossas ideias, pela França, mas nada está feito ainda", um claro apelo para uma mobilização.
A grande disputa será travada no domingo, em Paris: François Hollande espera dezenas de milhares de simpatizantes no parque de Vincennes, em uma atmosfera rural, enquanto Nicolas Sarkozy vai reunir as suas tropas na Place de la Concorde, coração da capital, onde comemorou sua vitória em 2007.
Os dois homens não podem evitar a contagem de partidários nas ruas, uma semana antes do primeiro turno. "O comício de la Concorde é a chance da França, em silêncio, se unir e dizer que esta é a nossa escolha", disse Nicolas Sarkozy. "De avião, carro, metrô, bicicleta... todos os meios de transporte serão bons para chegar à Place de la Concorde", disse o secretário-geral da UMP (partido do presidente) Jean-François Copé.
A equipe de campanha do presidente espera superar o público do grande comício de Villepinte (perto de Paris), em 11 de março, que mobilizou cerca de 50.000 partidários de Sarkozy.
No sábado (14/4), Jean-Luc Mélenchon, orador formidável e que atrai multidões, tentará demonstrar sua força em um grande comício na praia de Marselha (sudeste).