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Bombardeios são mantidos na Síria no segundo dia da missão da ONU

Agência France-Presse
postado em 17/04/2012 18:59
Damasco - As tropas do governo sírio bombardearam nesta terça-feira (17/4) várias cidades do país, apesar da presença de observadores da ONU encarregados de avaliar se o cessar-fogo está sendo respeitado, suscitando temores em meio à comunidade internacional sobre o futuro da missão.

Em Paris, cerca de cinquenta países e organizações, membros de um grupo encarregado de acompanhar as sanções contra a Síria, pediram que os meios diplomáticos rompam com o regime de Bashar al-Assad e denunciaram as vendas de armas à Síria, referindo-se à Rússia.

Pelo menos sete civis morreram no país apesar de um cessar-fogo que entrou em vigor na quinta-feira, 12 de abril, em conformidade com o plano de paz do emissário internacional Kofi Annan, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Quatro civis foram mortos pelas forças governamentais na região de Idleb (noroeste), e três perderam a vida na província de Deraa (sul) em bombardeios na localidade de Basr al-Harir, segundo a organização.

No início do dia, esta localidade e a região de Al-Loujat, onde estavam entrincheirados centenas de desertores, foi alvejada por "disparos de metralhadoras pesadas e bombardeios", segundo os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam a mobilização no terreno.

Em Homs (centro), os bairros de Al-Khaldiyé e de Bayada também foram bombardeados, indicou o OSDH.

O cessar-fogo parecia cada vez mais frágil, suscitando dúvidas entre os países ocidentais sobre a disposição do presidente sírio em aplicar o plano Annan.

Desde o início da revolta popular contra seu regime, em março de 2011, mais de 11.100 pessoas foram mortas em episódios de violência, segundo o OSDH.

Em meio a este ambiente, os oito observadores que chegaram à Síria mantinham sua missão pelo segundo dia.

"Os carros dos observadores chegaram a Deraa, acompanhados de veículos do Exército", indicaram os LCC.

O coronel Ahmed Himmiche, que lidera a delegação, não escondeu que sua missão é "difícil".

O futuro desta missão pode estar comprometido, segundo diplomatas em Nova York, porque os observadores ainda não obtiveram o acordo do governo sírio sobre um "protocolo" que os permita circular em todo o país.

Se a situação não melhorar antes do final de semana, "nós não passaremos à etape seguinte, que é autorizar a mobilização da missão completa (de cerca de 250 homens)", afirmou um diplomata do Conselho de Segurança.

O Conselho deve adotar uma nova resolução para autorizar a mobilização completa da missão.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deve informar na quarta-feira o Conselho de Segurança a respeito do trabalho dos primeiros observadores, e o mediador da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, deve ir ao organismo antes do fim de semana.

Ban Ki-moon exortou Damasco a garantir uma liberdade total de movimentação aos observadores, e mencionou a necessidade de aviões e helicópteros para o seu transporte. A União Europeia se disse preparada para fornecer todo o apoio material necessário à missão de observadores.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, acusou o regime de efetuar "violações flagrantes do cessar-fogo" e pediu que os observadores "cheguem o mais rápido possível a Idleb e a Homs para que descubram (...) as matanças que o regime nunca vai parar de commeter".

Segundo o primeiro-ministro do Qatar, xeque Hamad Ben Jassam al-Thani, não houve "progresso algum" na aplicação do plano Annan, e a imprensa qatari, ligada às autoridades, pediu uma intervenção militar árabe na Síria.

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, reconheceu que o cassar-fogo é frágil e considerou, sem dar nomes, que "alguns" países desejam o fracasso do plano Annan.

A Rússia --que bloqueou as resoluções do Conselho de Segurança da ONU condenando a repressão -- denuncia regularmente o apoio dos Estados ocidentais e árabes à oposição armada.

Reunidos em Paris, cerca de cinquenta países e organizações, incluindo a União Europeia, os Estados Unidos, o Canadá, a Liga Árabe e a Turquia, manifestaram, por sua vez, sua "firme desaprovação de qualquer apoio financeiro ou de outra forma, e em particular à manutenção das vendas de armas ao regime sírio", do qual a Rússia é o principal fornecedor de armas.

Nesta ocasião, o chefe da diplomacia francesa, Alain Juppé, pediu um reforço das sanções contra Damasco.

A França convidou alguns ministros das Relações Exteriores para uma reunião na quinta-feira em Paris para debater a situação na Síria e "manter a pressão" sobre Damasco, indicou uma fonte do governo.

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