Agência France-Presse
postado em 18/04/2012 09:58
Bruxelas - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, condenou "firmemente" nesta quarta-feira (18/4) a conduta de soldados americanos que fizeram fotografias ao lado de cadáveres de insurgentes afegão, imagens que foram reveladas pelo jornal Los Angeles Times. Panetta afirma que as imagens não representam em nada os valores ou o profissionalismo da enorme maioria das tropas americanas que servem atualmente no Afeganistão.O jornal Los Angeles Times revelou nesta quarta-feira (18/4) que os soldados americanos fizeram fotos, em mais de uma ocasião, ao lado de restos de corpos de homens-bomba afegãos. A publicação afirma que o Exército americano iniciou uma investigação sobre o caso depois que o jornal divulgou algumas imagens, fornecidas por um soldado.
O primeiro episódio aconteceu em fevereiro de 2010, quando tropas da 82; divisão aerotransportada foram enviadas a uma delegacia na província afegã de Zabul para analisar os pedaços de um suposto homem-bomba. O propósito dos soldados era retirar impressões digitais, mas eles terminaram por posar para fotografias, de pé ou abaixados, ao lado dos cadáveres.
Poucos meses depois, o mesmo pelotão inspecionou os restos mortais de três insurgentes, que segundo a polícia afegã morreram de maneira acidental quando manipulavam explosivos. Dois soldados aparecem nas fotos segurando a mão de um dos homens mortos com o dedo médio levantado, enquanto outro se inclinava sobre o cadáver, afirma o jornal.
Outro soldado criou e colocou uma insígnia extraoficial com o título ;caçador de zumbis; perto de outro corpo e fez uma foto. O Los Angeles Times afirma que autoridades militares pediram ao jornal para não publicar as fotos pelo temor de reações violentas, mas o editor do LA Times, Davan Maharaj, afirmou que foi decidido publicar uma seleção pequena, mas representativa das imagens.
Este é o mais recente escândalo que abala a relação entre os EUA e o Afeganistão. Em março, um soldado abriu fogo em dois vilarejos afegãos e matou 17 pessoas - a maioria mulheres e crianças -, no que se acredita ter sido o maior crime de guerra cometido por um soldado da Otan durante o conflito no país. A queima de exemplares do Alcorão em fevereiro provocou violentos protestos antiamericanos e uma onda de ataques de membros das próprias forças de segurança afegãs contra soldados da Otan.
A Aliança Atlântica mantém 130 mil soldados liderados pelos Estados Unidos no Afeganistão, que combatem os insurgentes talibãs e lutam contra o governo de Cabul, apoiado pelas potências ocidentais.