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Escândalo na Itália por tratamento humilhante dado a imigrantes ilegais

Agência France-Presse
postado em 19/04/2012 15:05
Roma - A imagem de um imigrante argelino com a boca tapada com fita adesiva e algemado durante o voo de repatriação de Roma a Túnis provocou uma crise na Itália, país denunciado pela ONU por tratamento "escandaloso" dado aos ilegais.

A imagem do imigrante foi feita durante um voo da companhia Alitalia pelo cineasta italiano Francesco Sperandeo, que postou a imagem no Facebook, indignado com o comportamento da polícia italiana.

"É um tratamento escandaloso, humilhante e injustificável", denunciou a porta-voz na Itália do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, Laura Boldrini.

O imigrante argelino, ao lado de outro compatriota, estava sendo expatriado de forma forçada e viajava no voo comercial ao lado de policiais italianos à paisana.

"A coisa que mais provocou indignação foi a indiferença dos passageiros", comentou o cineasta.

Sperandeo contou que, ao protestar contra o tratamento, os policiais ordenaram que voltasse para seu assento e afirmaram que aquela era uma "operação normal da polícia".

O caso gerou reações na opinião pública e o presidente da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, convocou integrantes do governo ao Parlamento para pedir explicações.

O chefe da polícia italiana, Antonio Manganelli, pediu um relatório imediato, enquanto os partidos de esquerda lembraram que a Itália já foi criticada várias vezes pelo tratamento dispensado aos imigrantes ilegais.

De acordo com a imprensa italiana, os agentes explicaram que os imigrantes se feriram na língua voluntariamente e cuspiam sangue para evitar a expulsão, e isto teria forçado o uso fita isolante.

A política de repatriação forçada de imigrantes ilegais procedentes da África do Norte é muito criticada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos desde que o então governo de Silvio Berlusconi aprovou uma lei, em 2008, que torna crime a imigração clandestina.

A justiça italiana abriu uma investigação por suposto abuso de autoridade.

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