Chantilly - O ônibus espacial Discovery se tornou, nesta quinta-feira (19/4), o primeiro ônibus espacial da antiga frota da Nasa (agência espacial americana) a entrar em um museu. Uma festa com honras militares marcou o fim de um programa de três décadas de voos espaciais tripulados.
"O programa do ônibus espacial rendeu a este país muitas inovações e muitos momentos de orgulho", disse o chefe da Nasa, Charles Bolden, em uma cerimônia para comemorar a chegada do Discovery em um anexo do Museu Nacional Aeroespacial do Instituto Smithsonian, nos arredores de Washington DC.
"Agora estamos felizes por compartilhar este legado com milhões de visitantes", acrescentou.
Milhares de turistas ansiosos para ver a famosa nave de perto chegaram ao Centro Steven F. Udvar-Hazy em Chantilly, Virgínia (leste), onde voluntários distribuíam bandeiras americanas em miniatura, enquanto se ouviam os acordes de uma banda de Infantaria da Marinha.
"Eu me sinto como uma criança hoje", disse o engenheiro aeroespacial Kelly Scroggs, de 24 anos, ao passar perto de crianças vestidas de astronautas.
Mais tarde, 15 dos 31 comandantes do Discovery e outros astronautas que viajaram ao espaço na nave, escoltaram o célebre ônibus espacial enquanto era rebocado para a pista externa para descansar frente a frente com o protótipo Enterprise, que está no museu há anos.
Entre os astronautas veteranos presentes estavam Eileen Collins, que se tornou a primeira piloto e primeira comandante de uma nave espacial a bordo do Discovery, e Steve Lindsey, que comandou o último voo espacial desta nave, em março de 2011.
"É um dia feliz, mas também muito triste", disse Fred Gregory, comandante do Discovery em 1989.
"O Discovery representa mais ou menos uma frota da que todos fizemos parte por muito tempo", disse Gregory à AFP.
"E visto que não há nada no horizonte imediato, é triste porque talvez seja um legado que terminou. A liderança que os Estados Unidos tiveram no passado pode não ser tão forte agora", acrescentou.
Com o encerramento do programa do ônibus espacial, em julho de 2011, a Rússia ficou como único país capaz de enviar astronautas ao espaço.
O senador e astronauta aposentado John Glenn, o primeiro americano a voar na órbita da Terra em 1962 e que retornou ao espaço em 1998 a bordo do Discovery, lamentou a "infeliz decisão" de por fim ao programa dos ônibus espaciais, tomada há mais de oito anos, mas disse confiar em que o Discovery inspire as futuras gerações.
Várias empresas particulares dos Estados Unidos competem agora para preencher o vácuo deixado pelos ônibus espaciais aposentados. A SpaceX será a primeira empresa a efetuar o primeiro voo privado de teste de uma cápsula de carga para a ISS, previsto a princípio para 30 de abril, e espera em seguida transportar astronautas.
O Discovery, que realizou uma espetacular despedida na terça-feira, durante sobrevoo da capital americana carregado por um Boeing 747, procedente da Flórida, é o primeiro dos três ônibus espaciais que voavam ao espaço a virar peça de museu. Nos próximos meses será a vez do Endeavour e do Atlantis.
No fim deste ano, o Endeavour será levado do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, para o Centro de Ciências da Califórnia, em Los Angeles. O Atlantis, que também está na Flórida, será levado ao Complexo para Visitantes do Centro Kennedy.
O Entreprise, um protótipo do ônibus espacial que nunca foi ao espaço, será levado em 23 de abril a Nova York, onde ficará em exposição no Intrepid Sea, Air and Space Museum.
Os outros dois ônibus espaciais da frota, o Challenger e o Columbia, foram destruídos em acidentes. O Challenger explodiu pouco depois do lançamento, em 1986, e o Columbia se desintegrou durante a reentrada na atmosfera, em 2003. Os dois desastres mataram todos os tripulantes a bordo.