Agência France-Presse
postado em 20/04/2012 19:33
Paris - Os favoritos às eleições presidenciais na França, com o socialista François Hollande à frente e o presidente Nicolas Sarkozy, que disputa um novo mandato, empenharam-se, nas últimas horas de campanha, para convencer os franceses que pensam em se abster e os indecisos, antes do primeiro turno, neste domingo (22/4).A partir da meia-noite desta sexta-feira (20/4 - 20H00 em Brasília), os dez candidatos não podem mais fazer comícios, após uma campanha dominada pela crise e que não chegou a apaixonar os franceses.
Para os institutos de pesquisa, o pleito já parece estar decidido, exceto alguma surpresa de última hora, com os dois favoritos disputando o segundo turno.
No primeiro turno, François Hollande ganharia segundo quatro sondagens - até 30% dos votos, para uma pesquisa BVA - publicadas desde a noite de quinta-feira, enquanto que uma quinta dá empate técnico com Nicolas Sarkozy.
Já no dia 6 de maio, o socialista seria o grande vencedor, com mais de 10 pontos de vantagem (com 57% dos votos segundo as pesquisas CSA e BVA).
"François Hollande na frente de Nicolas Sarkozy: margens de erro, incerteza - essa é a tendência que revelamos há vários dias", comentou Brice Teinturier da Ipsos. O socialista "permanece relativamente estável, o mesmo não se pode dizer para o atual presidente que vê suas chances ruírem".
Os dois homens ocuparam espaços até o último minuto, com o mesmo objetivo: convencer as pessoas inclinadas à abstenção e indecisas (que representariam um quarto do total dos eleitores) a participar, a dar um "voto útil", domingo.
Durante seu último comício em Charleville-Mézi;res (nordeste) para 4.000 pessoas, François Hollande, que conta com a vitória na palma da mão, fez um apelo aos eleitores a uma "escolha histórica": torná-lo o segundo presidente socialista após François Mitterrand (1981-1995).
"A cada momento da história, há uma missão, uma responsabilidade confiada a uma geração (...)", afirmou. "Não baixem a guarda, ajudem-nos a ser numerosos domingo", martelou.
Socialista reformista, François Hollande, 57 anos, traçou seu caminho vendendo aos eleitores a ideia de uma presidência "normal", dizendo-se determinado a encontrar o equilíbrio orçamentário em 2017, favorecendo o crescimento.
Nicolas Sarkozy, também com 57 anos, eleito triunfalmente em 2007, até se tornar o presidente mais impopular da França, mostrou-se combativo até o fim. Ele lançou em Nice (sudeste) um último apelo à mobilização dos eleitores: a escolha "de uma França forte".
"Reúnam-se, mobilizem-se, defendam-se, tomem da palavra, não deixem que lhes tirem a voz, imponham sua vitória", declamou Sarkozy para milhares de partidários.
O chefe de Estado conservador, que sofre com a imagem que transmite de "presidente dos ricos" fez antes sua mea culpa. "Talvez o erro que eu tenha cometido no início de meu mandato, foi o de não compreender a dimensão simbólica do papel de presidente e de não transmitir bastante solenidade", afirmou na rádio RTL.
Voluntarista para seus partidários, brutal para seus detratores, Nicolas Sarkozy baseou sua campanha na segurança e na imigração, apresentando-se como aquele que permitiu à França, no plano político, evitar um cenário grego.
Os candidatos que disputam o terceiro lugar pediram aos eleitores que não cedam à polarização. A líder da extrema-direita Marine Le Pen, 43 anos, e o representante da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, 60 anos encarnam o voto de protesto.
Marine Le Pen parece a mais bem colocada (cerca de 16% das intenções de voto) e enquanto Nicolas Sarkozy tenta tirar-lhe votos, ela preveniu que votar nele será o mesmo que votar em alguém que já partiu".
A revelação da campanha, Jean-Luc Mélenchon, disse nesta sexta-feira ter "esperanças" de dar à esquerda seu melhor resultado, depois de vários anos.
Quanto ao centrista François Bayrou, 60 anos, que chegou em terceiro lugar, em 2007, denunciou "os demagogos" e a "clivagem direita-esquerda".
Uma última questão permanece aberta: nos tempos da internet, os resultados vão circular domingo antes do fechamento do pleito às 20H00 (18H00 GMT) ?
Rádios e televisões se comprometeram a mantê-los secretos até a hora estabelecida pela Comissão de pesquisas. As autoridades ameaçam processar os que não seguirem as regras.