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Relatório diz que Murdoch "fez vista grossa" sobre escândalo das escutas

Agência France-Presse
postado em 01/05/2012 09:40
Londres - O poderoso magnata das comunicações Rupert Murdoch fez vista grossa sobre o escândalo das escutas telefônicas no tabloide News of the World e o magnata da imprensa não é digno de dirigir uma companhia internacional, concluiu nesta terça-feira um relatório parlamentar britânico.

"Rupert Murdoch não tomou as medidas necessárias para informar-se plenamente sobre as escutas telefônicas, fez vista grossa (...) sobre o que acontecia em suas empresas e publicações", assinala o relatório da Comissão de Cultura e Meios de Comunicação intitulado "News International e Escutas Telefônicas".

"Concluímos, portanto, que Rupert Murdoch não é uma pessoa digna de dirigir uma grande companhia.

Os membros da comissão interrogaram o presidente da News Corp. e seu filho James Murdoch, então ainda presidente de sua subsidiária britânica News International, em julho do ano passado, poucos dias depois que o escândalo das escutas ilegais os obrigasse a fechar o popular tabloide britânico.

A ex-diretora do News of the World Rebekah Brooks renunciou ao cargo de diretora da subsidiária britânica da News Corp., a News International, em julho, e James Murdoch renunciou à presidência em fevereiro.

Em relação a James, o relatório assinala que ele demonstrou "ignorância deliberada" sobre o ocorrido, o que "suscita claramente perguntas de competência".

Em seu comparecimento ante a comissão na semana passada, Rupert Murdoch admitiu que houve "ocultação" das escutas telefônicas, mas insistiu que ele e outros executivos do grupo não foram informados no escândalo que manchou sua reputação. Também disse que falhou por não ter ordenado uma investigação interna.

"Não tenho dúvida alguma de que alguém, possivelmente o redator-chefe, mas certamente não apenas ele, tomou a iniciativa de uma ocultação da qual nós também fomos vítimas, e lamento isso", declarou Murdoch, de 81 anos, diante da comissão presidida pelo juiz Brian Leveson.

"Acredito que todos os diretores foram (...) mal informados e protegidos de tudo o que estava acontecendo lá. E responsabilizo por isto uma ou duas pessoas cujo nome não darei porque poderiam ser detidas", acrescentou, indicando que pensava também em "um advogado inteligente".

O ex-diretor de Assuntos Jurídicos do News of the World, Tom Crone, que se considerou atingido, chamou esses comentários de "mentira vergonhosa".

Em 2007, o redator-chefe da seção de realeza do News of the World e um detetive particular foram condenados a penas de prisão pelas prática escutas, mas a extensão do escândalo não veio à tona até que a polícia abriu uma investigação em janeiro de 2011.

A crise se agravou em julho passado quando foi revelado que o tabloide havia grampeado a caixa de correio de voz do celular de Milly Dowler, uma adolescente desaparecida e que depois foi assassinada, o que enfureceu os britânicos.

O News of the World foi acusado de ouvir a partir de 2000 as caixas de correio de voz dos telefones de 800 pessoas, incluindo celebridades, políticos e membros da família real, e também vítimas de crimes, para obter informações exclusivas.

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