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Bin Laden, de inimigo público número um a argumento eleitoral para Obama

postado em 01/05/2012 16:11
Washington - Um ano depois, a eliminação de Osama bin Laden se transformou em um dos principais argumentos de Barack Obama durante seus discursos eleitorais, com o qual o presidente democrata espera neutralizar as críticas feitas pelos republicanos a sua política segurança nacional.

Desde que começou a defender seu balanço tendo em vista a eleição presidencial de 6 de novembro, Obama lembra sistematicamente o ataque do comando que, sob suas ordens, matou o líder da Al-Qaeda em 2 de maio de 2011 em uma casa em Abbottabad, no Paquistão.

Sua equipe de campanha divulgou também na sexta-feira um vídeo em que o ex-presidente Bill Clinton saúda calorosamente a decisão de Obama, apesar dos riscos políticos envolvidos. Essa publicidade lembra também que o presidenciável republicano Mitt Romney já se opôs à ideia de "remover céu e terra e de gastar bilhões para capturar apenas uma pessoa".

Na segunda-feira, Romney afirmou que a ordem de lançar o ataque foi correta. "Evidentemente. Até (o ex-presidente) Jimmy Carter teria dado essa ordem", disse sorrindo.

Obama respondeu alguma horas depois durante uma entrevista coletiva à imprensa ao lado do primeiro-ministro japonês na Casa Branca.

"Em relação ao meu papel pessoal e ao que outros teriam feito, eu me contentarei em recomendar a todos que observem as declarações anteriores das pessoas sobre a questão de saber se era conveniente ir ao Paquistão e eliminar Bin Laden", disse.

E quando o senador republicano John McCain acusou Obama de explorar o ataque por razões eleitorais, o presidente se defendeu de qualquer "celebração excessiva". "Acho que é muito conveniente utilizar esse momento para um pouco de introspecção, para agradecer a todos que participaram" da operação, afirmou.

Os democratas tentam obter vantagem em uma questão em que quase sempre estiveram em posição de desvantagem. Carter viu sua tentativa de se reeleger para um segundo mandato destruída em 1980 pela crise dos reféns no Irã, enquanto John Kerry, em 2004, sofreu ataques da equipe Bush relacionados a sua suposta incompetência para dirigir um país em guerra.

Romney também tentou empregar esta temática, acusando Obama de se "desculpar em nome dos Estados Unidos" no exterior e de ter "deixado Israel cair" diante do Irã.

Obama respondeu secamente em dezembro: "Preguntem a Osama bin Laden e aos 22 líderes da Al-Qaeda dos 30 que foram eliminados se eu pratico o apaziguamento".

No início de fevereiro, em uma pesquisa do Washington Post, 56% das pessoas consultados disseram confiar em Obama frente à ameaça terrorista, contra 36% que acreditavam que Romney era mais competente neste assunto.

"Todas as informações disponíveis parecem mostrar que o presidente Obama é avaliado favoravelmente em matéria de segurança nacional. A morte de Bin Laden é uma das razões para isso, mas não a única", ressalta Thomas Mann, do Brookings Institute.

Ele disse que duvida que os eleitores se baseiem apenas nesta questão, "considerando as circunstâncias econômicas difíceis". Mas Obama "conseguiu neutralizar um tema que, no passado, serviu principalmente aos republicanos", segundo ele.

Rick Nelson, do grupo de reflexão CSIS, também considera que a segurança nacional não será o principal tema de debate até novembro.

"Mas, no fim das contas, o presidente teve que tomar a decisão de lançar uma missão muito difícil e arriscada para ir a Abbottabad e matar Bin Laden", disse.

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