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Batalha de números e acusações marcam debate entre Sarkozy e Hollande

Agência France-Presse
postado em 02/05/2012 19:05
Paris - Os candidatos à Presidência francesa, o socialista François Hollande e o presidente conservador Nicolas Sarkozy, travaram nesta quarta-feira (2/5) uma batalha de números sobre os temas econômicos e tiveram uma áspera discussão sobre questões sociais, em um debate televisionado em que não faltaram acusações.

Os primeiros temas abordados foram o projeto presidencial de cada candidato, que deu lugar a críticas ferozes, e a economia, em relação a qual Sarkozy acusou Hollande de "mentir" quando este reprovou uma política que favoreceu os mais ricos em um contexto de crise da dívida na Europa.

"Serei o presidente da justiça", do "endireitamento" do país, "serei também o presidente da união, quero unir porque é com a união que ganharemos confiança", declarou Hollande, que abriu o debate.

"Os franceses foram colocados uns contra outros, foram divididos e eu quero reuni-los. É o sentido de mudança que proponho", declarou Hollande.

Sarkozy respondeu reivindicando a mesma vontade de unir e ressaltando que não houve violência durante sua presidência, como "prova desse espírito de unidade".

A união "é uma bela ideia, mas é preciso aplicá-la aos fatos".

"Há aqueles que falam de união e aqueles que a fizeram", acrescentou.

Depois disso acusou Hollande de não poder ser um unificador, já que endossou insultos contra ele feitos por partidários do socialista.

"Quando me compararam com Franco, Laval, Pétain, e por que não com Hitler, você não disse nem uma palavra. Quando (a dirigente socialista Martine) Aubry me trata de Madoff, 183 anos de prisão", não disse nada, afirmou Sarkozy.

"Senhor Sarkozy, para você será difícil passar por vítima", respondeu Hollande.

Quanto aos assuntos econômicos, Hollande enfatizou o balanço de Sarkozy como presidente.

Sarkozy acusou Hollande de fornecer números "falsos" sobre o aumento do desemprego durante seu mandato, quando o socialista afirmou que o número "é enorme" e "um fracasso" para o presidente.

"Nosso desemprego aumentou, nossa competitividade diminuiu e a Alemanha têm melhores resultados que nós", argumentou Hollande.

"A Alemanha faz uma política contrária a que você propõe aos franceses", replicou Sarkozy evocando o aumento do IVA nesse país, o que deu lugar a outra batalha de números, e a regra de ouro fiscal (de obrigação de equilíbrio). "Temo que este argumento se volte contra você", acrescentou.

"Com você, nunca é sua culpa", respondeu Hollande, que acusou Sarkozy de invocar a crise para justificar as dificuldades econômicas de seu mandato. "Aconteça o que acontecer, você está contente", acrescentou.

"Isso é mentira", refutou Sarkozy.

Este duelo televisivo, considerado chave para o segundo turno de domingo, foi o único debate entre os dois candidatos em toda a campanha e foi transmitido por uma dezena de canais de televisão e emissoras de rádio.

O candidato socialista enfrenta o segundo turno bem situado depois de conseguir 28,6% dos votos no primeiro turno, mas não tem a vitória garantida.

Por outro lado, Nicolas Sarkozy, se encontra em posição desafiadora, com 27,7% dos votos no primeiro turno.

Segundo as duas últimas pesquisas, publicadas nesta quarta-feira pelos institutos BVA e Ifop, François Hollande ganharia a eleição com 53,5% ou 54% dos votos e Sarkozy ficaria com 46,5% ou 46%.

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