Agência France-Presse
postado em 03/05/2012 10:54
Paris - A missão é cada vez mais difícil para o presidente Nicolas Sarkozy, que não conseguiu desestabilizar na quarta-feira (2/5) seu rival socialista, François Hollande, no único debate exibido pela televisão entre os dois candidatos antes do segundo turno da eleição presidencial francesa no próximo domingo.Muito violento mas sem nocaute, o debate de quase três horas ressaltou as diferenças entre os dois políticos, que responderam perguntas sobre todos os temas, da dívida à imigração, passando pelo estilo da presidência. Nesta quinta-feira (3/5), o atual presidente e candidato conservador Nicolas Sarkozy, que durante o debate chamou o adversário de "pequeno caluniador", considerou o evento "bastante republicano".
Ambos prosseguiram de maneira imediata com a campanha, que está na reta final, antes da votação de domingo. Após entrevistas à imprensa, Sarkozy participará de um comício em Toulon (sudeste), enquanto Hollande fará o mesmo em Toulouse (sul). A maioria dos editoriais da imprensa destaca que o debate não provocará nenhum terremoto eleitoral. O favorito, François Hollande, que as pesquisas apontam como vencedor com entre 53 e 54% dos votos, "marcou pontos" ao tentar se apresentar como estadista.
O ex-primeiro-ministro socialista Laurent Fabius considerou que o debate mostrou "um presidente que chega ao fim" e um "presidente que começa", com discussões de uma "violência contida, mas áspera". O jornal de direita Le Figaro, ligado a Sarkozy, ainda acredita na vitória do atual chefe de Estado sobre "François Hollande, sua linguagem antiga e sua esquerda díspar".
As farpas foram constantes entre os candidatos, que discordaram especialmente sobre o balanço econômico de Sarkozy, a imigração e a maneira de exercer o poder. François Hollande surpreendeu ao romper com a imagem de homem consensual para passar regularmente ao ataque. O ministro do Interior Claude Guéant, próximo de Sarkozy, acusou Hollande de arrogância, mas admitiu que o socialista esteve "muito belicoso" no debate.
Depois da líder de extrema-direita Marine Le Pen, que defendeu o voto em branco no segundo turno, o candidato de centro François Bayrou (9,1% no primeiro turno) deve anunciar sua posição nesta quinta-feira. Mas, independentemente do apoio de Bayrou, assim como do debate de quarta-feira (2/5), nada parece capaz de inverter uma tendência constante desde o início da campanha: a vantagem de Hollande nas pesquisas nunca foi inferior a seis pontos.
O debate foi assistido por quase 18 milhões de telespectadores nos sete canais que o transmitiram na quarta-feira. No domingo, 45 milhões de eleitores estão convocados a votar para eleger o presidente da França, a quinta maior potência mundial, segunda economia da Eurozona e membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.