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Gregos mostram insatisfação com a política local nas votações deste domingo

Atenas - Ambos os partidos pró-austeridade gregos - PASOK (socialista) e da Nova Democracia (direita) -, que formam o governo de coalizão desde novembro de 2011, entraram em colapso nas eleições parlamentares deste domingo (6/5) - já encerradas -, evidenciado a grande insatisfação popular com relação às medidas de austeridade.

Os dois principais partidos do país reuniram juntos entre 31 e 37% dos votos, contra 77,4% obtidos em 2009, de acordo com as primeiras sondagens.

Caso esses dados se confirmem, a perda de apoio popular tornará quase impossível a formação de um novo governo de coalizão que mantenha a austeridade ditada pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os números iniciais refletem as enormes críticas à política de austeridade que tem dominado o país. O pequeno partido da esquerda radical, Syriza, por exemplo, recebeu entre 15,5 e 18,5% dos votos, segundo as mesmas pesquisas.

Com isso, o Syriza se aproximou do PASOK, que deve receber algo entre 14 e 17% dos votos, contra 44% na eleição parlamentar de 2009.

Um membro do partido conservador Nova Democracia afirmou que seu partido está em "primeiro lugar" nas apurações. "Somos o maior partido, é claro", disse Panos Panayotopoulos à rede Mega TV. A Nova Democracia é apontada com 17 a 20% dos votos.

"Não devemos considerar a sondagem como o resultado final, pois ela é apenas um retrato momentâneo do cenário político", disse o analista político Ilias Nikolakopoulos, em canal de televisão Mega.

O porta-voz dos socialistas, Fofi Gennimata, também recomenda esperar pelos resultados finais para "proteger a coesão social e a imagem do país no exterior".

O neonazista Chryssi Avghi (Amanhecer Dourado) deve entrar no Parlamento com algo entre 6 e 8% dos votos, contra 0,29% obtido na última eleição.

Cerca de 9,8 milhões de eleitores votaram para renovar o Parlamento grego nesta eleição, que determinará o futuro do país na zona do euro.

Depois da votação, o atual primeiro-ministro Lucas Papademos tentou dissipar a ameaça de instabilidade política, afirmando sua confiança na formação de um governo "esta semana".

Ilustrando o clima excepcional, que prevaleceu durante toda a campanha, 30 neonazistas invadiram seis assembleias de voto atenienses durante o dia, onde eles se envolveram em intimidações contra ativistas de esquerda.

A polícia confirmou dois incidentes, atribuídos ao pequeno grupo Amanhecer Dourado, que entrou no Parlamento pela primeira vez na história moderna do país, de acordo com as prévias.

Este partido neonazista, conhecido por seus ataques contra os imigrantes, denunciou o Protocolo de Intenções assinado pela Grécia com seus credores, e rejeita o pagamento da dívida pública. A chegada do partido ao Parlamento chocou muitos eleitores devido ao fato de o país ter sofrido com a ocupação nazista na ditadura militar de 1967 a 1974.

O líder socialista grego, Evangelos Venizelos, do Pasok, pediu a formação de "um governo de união nacional pró-europeu" para tirar o país da crise.

Venizelos, que como ministro das Finanças do governo em fim de mandato negociou com a UE e o FMI o segundo plano de resgate do país, reconheceu que esse acordo será "difícil", por conta da guinada política na Grécia, e disse que "a mudança radical da cena política não significa o fim da crise, e sim a crise em plena evolução".

Como primeira força do país, a Nova Democracia deverá alcançar 109 cadeiras e o Pasok 42. Pela frente, no entanto, eles terão dois blocos, um de esquerda e um de direita, que rejeitam a austeridade, com destaque para o partido da esquerda radical Syriza, que obterá 50 deputados.

Segundo a Constituição, o chefe de Estado, Carolos Papoulias, deve encarregar na segunda ou na terça-feira o líder do partido vencedor da convocação de um governo. Caso este fracasse, poderá pedi-lo às duas formações com melhores resultados.

O líder dos conservadores gregos, Antonis Samaras, cuja formação venceu as legislativas celebradas neste domingo, afirmou que buscará formar um governo de salvação nacional para manter o país dentro do euro.

"Estamos preparados para assumir a responsabilidade de formar um governo de salvação nacional com dois objetivos exclusivos: manter o país no euro e corrigir as políticas do pacto", afirmou.