Agência France-Presse
postado em 07/05/2012 12:57
Berlim - A derrota dos governos em fim de mandato na França e na Grécia significam um fracasso para a chanceler alemã, Angela Merkel, que segue defendendo a política de austeridade, embora tenha ficado desautorizada na Europa, consideravam nesta segunda-feira alguns analistas. Merkel esperava a reeleição do presidente francês, Nicolas Sarkozy, seu principal aliado, mas agora precisa lidar com a vitória do socialista François Hollande, que quer rever o predomínio das políticas neoliberais contra a crise. Na Grécia, os dois principais partidos no poder, que apoiavam a política de austeridade, sofreram uma derrota histórica.Stefan Seidendorf, analista de política europeia no Instituto franco-alemão de Ludwigsburg, reconhece que há um risco de isolamento para a Alemanha. Segundo ele, Angela Merkel aceitou discutir medidas de crescimento adicionais para não ceder sobre a criação de eurobônus ou sobre o status do Banco Central Europeu. Seidendorf adverte que ela pode se encontrar entre a espada da opinião pública e a parede da pressão europeia. Para satisfazer a primeira, Merkel reiterou nesta segunda-feira sua firmeza em uma reação inicial à eleição de Hollande.
A opinião alemã apoia majoritariamente a política de austeridade preconizada pela chanceler, embora a opinião ecologista e social-democrata também o façam. "A maioria dos alemães têm a impressão de que Merkel tem o controle da crise na Eurozona", comentava nesta segunda-feira o semanário de centro-esquerda Der Spiegel.
Mas a revista ressalta também o risco de um enfraquecimento da conjuntura na Alemanha, país que não foi afetado pela crise até agora. Os protestos contra a austeridade ocorrem num momento em que a economia alemã parece menos luminosa, ressentida pelas dificuldades de seus vizinhos. Depois de anos de sacrifícios sobre os salários, tacitamente aceitos pelos sindicatos em nome da competitividade do país e da queda do desemprego, os conflitos sociais se multiplicaram nas últimas semanas.
O diretor do Centro para a Política Europeia de Freiburg, Lüder Gerkenm, pensa, no entanto, que François Hollande não enfrentará Berlim por considerá-lo "pragmático". Ele lembra que o conservador Helmut Kohl e o socialista François Mitterrand trabalharam juntos muito bem, razão pela qual o mesmo pode ocorrer com Merkel e Hollande.