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China nega visto a correspondente e Al-Jazeera fecha redação em inglês

Agência France-Presse
postado em 08/05/2012 10:14
Pequim - A rede Al-Jazeera (Qatar) anunciou nesta terça-feira (8/5) que foi obrigada a encerrar a produção em inglês com sede em Pequim, depois que as autoridades chinesas negaram o pedido de renovação do visto de imprensa de sua correspondente.

O Clube de Correspondentes Estrangeiros na China (FCCC) declarou estar "escandalizado" com a decisão chinesa que, em termos práticos, equivale a uma expulsão. Também destacou que esta é uma "grave ameaça à capacidade da imprensa estrangeira de trabalhar na China".

Funcionária da Al-Jazeera em inglês, Melissa Chan é a primeira jornalista expulsa da China desde 1998, quando um correspondente da revista alemã Der Spiegel teve que deixar o país sob a acusação de possuir segredos de Estado.

A Al-Jazeera anunciou que não teve outra opção a não ser fechar o escritório em inglês, depois que a China se negou a conceder novos vistos para outros profissionais deste serviço. A emissora prosseguirá com a produção em árabe no escritório de Pequim.

"Estamos comprometidos com nossa cobertura na China. Da mesma forma que os serviços chineses de imprensa cobrem a atualidade mundial livremente, gostaríamos de ter a mesma liberdade na China para todos os jornalistas da Al-Jazeera", disse Salah Negm, editor do serviço em inglês da rede.

As autoridades chinesas não anunciaram uma explicação para a expulsão de Chan, mas o FCCC revelou que funcionários chineses manifestaram irritação com a exibição de um documentário em novembro de 2011 do qual Chan sequer havia participado.

"Este é o exemplo mais extremo da atitude que consiste recentemente em utilizar os vistos dos jornalistas para tentar censurar e intimidar os jornalistas estrangeiros da China", destaca um comunicado do FCCC, uma organização constantemente classificada de "ilegal" pelas autoridades chinesas.

"O FCCC considera que os órgãos de imprensa estrangeiros, e não o governo chinês, são os que têm o direito de escolher quem trabalha na China, de acordo com as práticas internacionais", completa a nota.

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