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Legislativa na Argélia elegerá deputados que continuarão as reformas

Agência France-Presse
postado em 09/05/2012 16:17
Argélia - Cerca de 21 milhões de argelinos devem escolher nesta quinta-feira (10/9) os deputados encarregados de levar adiante as reformas presidenciais para evitar a propagação da Primavera Árabe, mas muitos eleitores poderão se abster.

Na quarta-feira, o presidente Abdelaziz Buteflika voltou a se dirigir aos mais de 21 milhões de eleitores, em particular os jovens, para que votem nas eleições.

"Falo aos jovens que tem que assumir o compromisso, porque minha geração já cumpriu seu ciclo", declarou o mandatário.

Os menores de 35 anos constituem dois terços da população argelina, mas muitos deles poderão se abster.

Depois das manifestações e dos conflitos do ano passado, Buteflika optou por promover reformas relacionadas à imprensa, às associações, às mulheres e ao voto, mas sem agradar a oposição nem os sindicatos autônomos.

Ao contrário, Esses opositores consideraram que esta foi uma tentativa de intensificar o controle sobre a população por parte do Estado, que os ofereceu aumento de salários e mais habitações.

Nas eleições de 2007, a abstenção alcançou o recorde de 64%, após inúmeros casos de fraude desde a instauração do multipartidarismo no país em 1989.

Sobre o total de 44 partidos, 21 deles se apresentam às eleições pela primeira vez. São 24.916 candidatos no total, incluindo 7.700 mulheres.

Para Abdelaziz Belkhadem, líder da Frente de Libertação Nacional (FLN) do presidente Buteflika, seu partido encabeçará as legislativas. A FLN foi o partido único desde que a Argélia se tornou independente da França, em 1962, até 1989 e, desde então, tem dominado a vida política do país.

Em contrapartida, sete dos oito partidos que disputam estas eleições são islâmicos, em um momento em que, nos países em que houve eleições após a Primavera Árabe, as formações políticas desse tipo vêm tendo bons resultados.

No Parlamento atual, os islamitas ocupam 59 assentos, sendo 389 no total (os quais passarão a ser 462 na próxima assembleia).

Na segunda-feira, a "Aliança da Argélia Verde", composta por três desses partidos islâmicos, afirmou estar confiante em ganhar as eleições "se forem limpas e sem fraude".

Após quase quatro milhões de novos eleitores terem entrado este ano para as listas eleitorais, os islamitas temem que esse aumento seja aproveitado para que as eleições sejam fraudadas.

O islamita radical Abdallah Djabalah, presidente da Frente da Justiça e Desenvolvimento (FJD), afirmou na terça-feira que "alguns indícios causam preocupação", como "a circulação de cédulas de voto e o ;inchaço; das listas eleitorais".

Segundo o ministro do Interior, Dahu Uld Kablia, há 21,6 milhões de eleitores, em uma população total de 37 milhões de pessoas.

A União Europeia (UE) atendeu ao pedido de Argel e enviou em torno de 150 dos 500 observadores estrangeiros que irão monitorar as eleições no maior país da África.

Um diplomata argelino que pediu anonimato nesta quarta-feira insistiu que os observadores estrangeiros evitem "toda polêmicas" que possam "prejudicar a credibilidade de sua missão".

O espanhol José Ignacio Salafranca disse em 2 de maio que os membros da missão de observação da UE para as eleições argelinas "não são espiões", em resposta às acusações de um jornal e de um político islamita.

As mais de 48 mil mesas eleitorais serão abertas nesta quinta-feira às 07h00 GMT (03h00 de Brasília) e serão fechadas às 18h00 GMT (15h00 de Brasília). As eleições serão realizadas em apenas um turno e o sistema de votação é proporcional.

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