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'Indignados' voltam às praças da Espanha em seu primeiro aniversário

Agência France-Presse
postado em 12/05/2012 09:29
Madri - Nascido há um ano para protestar contra a crise, os políticos e os excessos do capitalismo, o movimento dos "indignados" volta às praças da Espanha neste sábado, no pontapé inicial de quatro dias de mobilizações para demonstrar que seu espírito continua vivo.

Os ativistas, em sua maioria jovens mobilizados através das redes sociais, convocaram concentrações em 80 cidades, entre elas Madri e Barcelona.

Em torno de um grande cartaz branco no qual era possível ler "Open the eyes" (abra os olhos), os primeiros "indignados" começavam a se reunir pela manhã na Praça da Catalunha de Barcelona, esquentando os motores para a manifestação da tarde.

Graças ao movimento surgido em 15 de maio passado, "pouco a pouco a sociedade foi abrindo os olhos", afirma Noelia Moreno, de 30 anos, uma das participantes do protesto que, inspirado nas manifestações da primavera árabe, surpreendeu o mundo.

"Acredito que algo mudou na mentalidade das pessoas, não é algo muito tangível agora, mas foi plantada uma sementinha que no futuro vai poder ser vista", assegura.

É consciente, no entanto, da necessidade de manter o movimento vivo. "É uma corrida de longa distância, ninguém pode mudar todo um sistema político em um dia, nem em um ano, isso leva tempo", afirma.

Manter este impulso é precisamente o que os "indignados" buscam neste primeiro aniversário, que durante quatro dias dará origem a debates e assembleias populares nas praças de toda a Espanha.

Agora a população tem mais motivos do que nunca para protestar, já que o país volta à recessão, o desemprego afeta 24,44% da população economicamente ativa e 52% dos jovens e o governo conservador de Mariano Rajoy impôs medidas de rigor de cerca de 30 bilhões de euros.

A largada será dada por manifestações em todo o país, que, em Madri, terminará na emblemática Porta do Sol.

Foi nesta praça onde se instalou há um ano um acampamento improvisado de barracas e sacos de dormir que, com seu refeitório, sua creche e suas bibliotecas, converteu-se no símbolo do cansaço popular pela crise, inspirando movimentos similares em outros países.

Para marcar este aniversário, também foram convocadas manifestações em cidades como Paris, Atenas, Nova York ou Rio de Janeiro.

Mas todos os olhares se voltarão para a Porta do Sol, porque as autoridades espanholas advertiram que não serão permitidos novos acampamentos, e autorizaram apenas cinco horas de concentração neste sábado, até as 22h00 locais (17h00 de Brasília), e dez horas no domingo, segunda e terça-feira.

"Para além destas horas o que se estaria fazendo é violando a lei", afirmou a vice-presidente do governo, Soraya Sáenz de Santamaría. "E o que este governo fará é que a lei seja cumprida", acrescentou.

"Evidentemente não vão ocorrer acampamentos porque são atos ilegais", assegurou o ministro do Interior, Jorge Fernández Díaz.

Superando o limite das 22h00, os "indignados" preveem realizar um minuto de silêncio no "Sol" à meia-noite e depois alguns podem tentar ficar, criando uma situação de tensão com a polícia, que mobilizará cerca de 1.500 policiais antidistúrbios e advertiu que não permitirá "atos de violência".

Desde que o acampamento do Sol foi desmantelado, no dia 12 de junho do ano passado, o movimento perdeu visibilidade nos meios de comunicação, mas seguiu vivo nas redes sociais, nas assembleias de bairro e na luta contra a exclusão, embora com menos seguidores.

"Os que permaneceram são os mais conscientes, atuando em ações setoriais, como, por exemplo, opondo-se aos despejos", afirma Antonio Alaminos, professor de sociologia da Universidade de Alicante.

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