A escolha de um presidente socialista na França e o não dos gregos aos partidos favoráveis à austeridade, há uma semana, deixaram o sistema financeiro europeu à beira de um ataque de nervos. Essas eleições, no entanto, não foram as primeiras que evidenciaram o descontentamento da população com a condução da crise no continente. Nos últimos dois anos, diversos países assistiram a trocas ideológicas de governo e ao fortalecimento de legendas com inclinação radical, tanto para a direita como para a esquerda. Sem encontrar a medida que tranquilize os mercados e, ao mesmo tempo, agrade aos cidadãos, a Europa deve enfrentar, na melhor das hipóteses, um longo período de tensão e instabilidade.
Embora não haja uma regra, nações mais ao norte do continente têm experimentado uma ascensão de partidos conservadores (veja arte). Em alguns lugares, as alianças são formadas com a participação de legendas de extrema direita, que defendem políticas no limite da legalidade. Na Hungria, o nacionalista Jobbik levanta a bandeira da xenofobia e chegou a organizar manifestações pedindo a saída do país da União Europeia, em janeiro. ;Esmagadas por forças além de seu controle, as pessoas se voltam contra os ;estranhos; em seu meio e se refugiam na fortaleza do nacionalismo;, comenta a jornalista Maria Margaronis, especialista em política europeia, em artigo publicado no semanário norte-americano The Nation.