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Ex-chefe militar da Bósnia é julgado por genocídio contra muçulmanos

Agência France-Presse
postado em 16/05/2012 11:43
Haia - O aguardado julgamento contra o ex-chefe militar dos sérvios da Bósnia, Ratko Mladic, acusado fundamentalmente pelo massacre de Srebrenica em 1995, começou nesta quarta-feira (16/5) no Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (TPII) de Haia.

Detido em 26 de maio de 2011 na Sérvia depois de ter sido um foragido internacional durante 16 anos, Ratko Mladic é acusado de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes cometidos por suas tropas durante a guerra da Bósnia, que deixou 100.000 mortos e 2,2 milhões de deslocados durante 1992 e 1995. Sentado atrás de seu advogado, à direita dos juízes, o acusado, vestido com terno cinza, aplaudiu brevemente quando os juízes entraram na sala de audiência e não fez uso da palavra.
[SAIBAMAIS]
A apresentação da promotoria prosseguirá até quinta-feira. O julgamento continuará em 29 de maio com o interrogatório da primeira testemunha de acusação. A promotoria acredita que o processo pode demorar três anos. O ex-general recebeu as mesmas acusações que seu alter ego político, Radovan Karadzic, de 66 anos, julgado em Haia desde outubro de 2009. Segundo a acusação, os dois homens foram os personagens centrais de uma empresa criminal conjunta que tinha como objetivo expulsar para sempre os muçulmanos e croatas da Bósnia do território reivindicado pelos sérvios na Bósnia-Herzegovina.

Representante da promotoria, na abertura do processo contra o ex-militar, Dermot Groome, descreveu como a situação ficara mais instável pouco tempo antes do início da guerra da Bósnia e como os temores da população foram reavivados pela retórica de políticos como Radovan Karadzic. Com a ajuda de vários mapas da Bósnia-Herzegovina de antes e depois da guerra, Groome descreveu como várias cidades de maioria muçulmana se tornaram localidades sérvias depois da ;depuração;.

Ratko Mladic, que alega inocência e pode ser condenado à prisão perpétua, deverá responder em particular pelo massacre de Srebrenica, em julho de 1995, no qual as forças sérvias da Bósnia mataram 8.000 muçulmanos. Vinte mães e viúvas das vítimas de Srebrenica viajaram a Haia e se reuniram diante da sede do TPII pouco antes do início da audiência. Elas chamaram Mladic de "açougueiro".

Ratko Mladic, que tentou evitar até o fim o comparecimento ao TPII, também é julgado por seu papel no cerco de Sarajevo, durante o qual morreram 10.000 civis, e pela tomada como reféns de 200 soldados e observadores da ONU em 1995. O ex-militar, que foi vítima de três derrames, em 1996, 2008 e fevereiro de 2011, tem o lado direito do corpo paralisado, segundo o advogado. Durante a preparação do julgamento, ele reclamou com frequência de problemas de saúde.

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