Agência France-Presse
postado em 16/05/2012 17:39
Paris - O novo presidente francês, François Hollande, nomeou nesta quarta-feira (16/3) seu primeiro governo, no qual predominam os socialistas moderados, encarregados de reduzir os déficits, mas com uma dose de voluntarismo representada pela criação de um Ministério da Reconstrução Produtiva.O novo governo francês, liderado pelo primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault, respeita totalmente a igualdade entre homens e mulheres. Dos 34 ministros, 17 são mulheres.
Laurent Fabius, ministro das Relações Exteriores, é também o número dois do governo. Ex-primeiro-ministro de François Mitterrand (1981-84), Fabius terá sob a sua autoridade o ministro de Assuntos Europeus, Bernard Cazeneuve, que foi um dos porta-vozes da campanha de Hollande.
Em plena crise grega e com o crescimento econômico estagnado, Hollande entregou o Ministério da Economia a um reformista rigoroso, Pierre Moscovici, ex-ministro de Assuntos Europeus, que foi seu diretor de campanha.
Moscovici será auxiliado por um ministro do Orçamento, Jérôme Cahuzac, que dirigiu a comissão de Finanças da Assembleia Nacional.
A principal inovação é a criação de um Ministério da Reconstrução Produtiva. Cabe ressaltar que a reindustrialização da França foi um dos temas centrais da campanha eleitoral. Esse cargo foi concedido a um representante da ala mais à esquerda do Partido Socialista, Arnaud Montebourg, partidário de um protecionismo europeu.
O Ministério da Defesa ficou com Jean-Yves Le Drian, que preparou a participação de Hollande na cúpula da Otan prevista para 20 e 21 de maio e propõe a retirada das tropas francesas do Afeganistão antes do fim do ano.
O francês de origem espanhola Manuel Valls, representante da ala à direita do PS, que foi um eficaz diretor de comunicação da campanha, ficará encarregado do Ministério do Interior.
A Educação, prioridade do novo presidente, foi concedida ao deputado europeu Vincent Peillon, que será o número três do governo.
Dois assessores e amigos de François Hollande, Stéphane Le Foll e Michel Sapin, ocupam respectivamente os ministérios da Agricultura e do Emprego.
A paridade é respeitada, embora as mulheres tenham ficado com poucos ministérios importantes. Christine Taubira, autora da lei que reconheceu a escravidão como crime contra a Humanidade, ocupa o da Justiça; Marisol Touraine, o de Assuntos Sociais e Saúde; Aurélie Filippetti, o da Cultura.
Fazem parte do novo gabinete várias novas caras, que nunca exerceram o poder, do qual a esquerda francesa estava afastada desde 2002.
A porta-voz do governo é uma jovem de origem marroquina, Najat Vallaud-Belkacem, que ficará encarregada também dos Direitos das Mulheres.
Dois membros do partido ecologista fazem parte do governo, Cécile Duflot encarregada da Habitação e Pascal Canfin responsável pelo Desenvolvimento, submetido às Relações Exteriores.
O gabinete não terá membros da Frente de Esquerda de Jean-Luc Mélenchon, que apoiou Hollande no segundo turno da eleição presidencial.
A grande ausente é a primeira secretária do Partido Socialista, Martine Aubry, que de manhã já havia anunciado que não integraria o gabinete.
O nome de Martine Aubry, derrotada por Hollande nas primárias organizadas em 2011 para designar o candidato presidencial socialista, havia circulado como possível primeiro-ministro, mas, por fim, o novo presidente optou por Ayrault, que o havia apoiado desde o início em sua longa marcha para a Presidência.
Aubry considerou que, a partir do momento em que não foi nomeada chefe de governo, sua presença neste "não tinha sentido".
A ex-companheira de Hollande, Ségol;ne Royal, também não faz parte do governo, mas sabe-se que seu objetivo é a presidência da Assembleia Nacional se a esquerda vencer as eleições legislativas de junho.
O primeiro conselho de ministros será realizado na quinta-feira, antes da partida de Hollande para os Estados Unidos para participar das cúpulas do G8 e da Otan.
Em um gesto simbólico em tempos de crise, o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault anunciou nesta quarta-feira (16/5) que a primeira medida de seu governo será aplicar uma redução de 30% no salário dos ministros.