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Presos começam tiroteio em Caracas e autoridades protegem civis

Caracas - Um grupo de presos que se nega a deixar La Planta, uma prisão de Caracas cujo fechamento foi ordenado pelo governo, dava andamento nesta quinta-feira (17/5) a um intenso tiroteio que obrigou as autoridades a mobilizar as forças de ordem para proteger a região, após a morte na semana passada de um vizinho.

"O comandante Hugo Chávez, informado esta manhã, deu instruções para atender a situação que está ocorrendo em La Planta", informou o vice-presidente Elías Jaua, que assegurou que o plano de fechar a prisão é "irreversível".

O tiroteio, iniciado mais cedo pela manhã, ocorria intermitentemente por mais de nove horas. Um fotógrafo da AFP confirmou mais cedo que saía uma fumaça branca de dentro da prisão e eram ouvidos disparos.

A ministra de Assuntos Penitenciários, Iris Varela, explicou que dentro da prisão "um grupo tem o controle das armas" e está enfrentando "a maioria" dos presos. No entanto, assegurou que seu gabinete mantém o diálogo e descartou uma tomada da prisão pela força.

Varela afirmou que o governo ativou um plano para proteger as residências e evitar que os preços "tentem disparar contra os edifícios", como ocorreu na semana passada, quando um homem de 48 anos morreu após ser atingido na cabeça por uma bala quando assistia à televisão em seu apartamento. "Não vamos permitir sob nenhuma hipótese que se volte a gerar outra situação" similar, declarou.

Por sua vez, o ministro do Interior, Tareck El Aissami, disse que estão sendo tomadas "as medidas para garantir a vida de toda a comunidade" da região, para a qual - disse - foram mobilizados 1.500 policiais.

Há três semanas explodiu a crise em La Planta - localizada em uma região residencial do oeste de Caracas -, onde presos armados se rebelaram contra as autoridades em rejeição aos planos de transferência.

Desde então, centenas de mulheres dormem em barracas ou debaixo de caixas de papelão nos arredores da prisão, esperando ter notícias de seus familiares após a suspensão das visitas habituais. "É uma situação que vamos resolver (...), só que não podemos dizer que vamos resolver hoje", disse Varela.

As prisões venezuelanas, onde segundo organizações humanitárias morrem cerca de 300 detentos por ano como consequência da violência, sofrem também com a superlotação. Segundo o governo, atualmente há quase 50.000 presos, mas a infraestrutura carcerária apenas tem capacidade para cerca de 14.000.