Agência France-Presse
postado em 19/05/2012 09:29
BRINDISI - Uma bomba explodiu na manhã deste sábado diante de uma escola de Brindisi, sudeste da Itália, matando uma aluna de 16 anos e deixando outras quatro gravemente feridas, em um atentado que não foi reivindicado, mas que ocorre às vésperas do 20; aniversário do assassinato do juiz Giovanni Falcone.A direção da escola informou que a explosão, registrada às 07h45, horário em que as alunas chegavam ao colégio de ensino profissionalizante que tem o nome de Francesca Morvillo Falcone, esposa do célebre juiz antimáfia Giovanni Falcone, jogou várias adolescentes no chão. "Eu tinha acabado de ir ao bar em frente à escola. Vi todos caindo", disse uma testemunha.
Uma funcionária do gabinete da promotoria que fica ao lado da escola afirmou ao jornal La Repubblica que estava abrindo a janela quando foi atingida pela onda expansiva. "Vi meninas jogadas no chão, cobertas de fumaça. Os livros queimavam. Foi aterrorizante", disse.
Uma jovem de 16 anos não resistiu aos ferimentos, segundo o conselheiro regional Fabiano Amati. Paola Ciannamea, funcionária dos hospital local, disse que uma das feridas, também de 16 anos e que teve a morte anunciada por fontes policiais, está viva, mas em estado grave. "Não está morta. Foi operada. Está em situação muito grave, mas estável", declarou Ciannamea ao canal Sky TG24.
Outras três alunas sofreram queimaduras em todo o corpo e uma corre o risco de ter as pernas amputadas, segundo fontes médicas. Cinco estudantes sofreram ferimentos leves. O artefato explosivo, de fabricação caseira, estava formado por botijões de gás conectados entre si e escondidos em mochilas, colocados em um muro próximo da entrada da escola, segundo os primeiros elementos da investigação.
A polícia estabeleceu um perímetro de segurança ao redor da escola. O atentado não foi reivindicado até o momento. Os canais de televisão exibiam imagens de danos limitados, com um muro da escola afetado pela explosão e objetos das alunas espalhados pelo chão, mas nenhum buraco na calçada ou outros danos aparentes.
A escola profissionalizante tem 600 alunos, a grande maioria meninas, e se dedica principalmente à formação de profissionais para o mundo da moda. "Os primeiros a ajudar os feridos foram um professor, um vigia e um agente técnico. Falaram de uma forte explosão, que jogou várias alunas no chão", afirmou Valeria Vitale, diretora administrativa do instituto Morvillo Falcone. "As alunas estão em estado de choque, o diretor foi diretamente para o hospital".
A polícia não determinou a suspensão das aulas, mas os alunos de outras escolas da cidade deixaram imediatamente seus colégios, acompanhados pelos pais apavorados.
A imprensa relacionou o ataque aos 20 anos do atentado de 23 de maio de 1992 que matou o famoso juiz Giovanni Falcone, sua esposa e três seguranças. A máfia siciliana detonou 500 quilos de dinamite na passagem do carro do juiz Falcone por uma estrada entre o aeroporto de Palermo e o centro da cidade. "As hipóteses são numerosas e nenhuma nos dá certeza", declarou a ministra do Interior, Annamaria Cancellieri, ao canal Sky TG24.
Ao mesmo tempo em que pediu "extrema prudência", a ministra admitiu o espanto com o fato de a escola ter o nome da esposa do juiz O prefeito Mimmo Consales afirmou à imprensa que "existem muitas coincidências neste caso", em uma referência ao aniversário do ataque e ao fato de que uma "caravana da legalidade" deveria passar neste sábado por Brindisi para lembrar a data.
O departamento antimáfia enviou o promotor de Lecce ao local do ataque, mas os investigadores não confirmaram o que continua como uma simples hipótese, quando outros meios de comunicação citam a atuação de um desequilibrado ou um ato de vingança.
O presidente italiano, Giorgio Napolitano, disse que acompanha os eventos "com apreensão" e manifestou solidariedade com as famílias das vítimas, os feridos e toda a população da região. As autoridades locais esperam uma grande manifestação durante a tarde em Brindisi de apoio à vítimas. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, classificou o ataque de "ato absolutamente horroroso e vil".