Agência France-Presse
postado em 19/05/2012 10:57
DAMASCO - Um atentado suicida matou nove pessoas e deixou mais de 100 feridas neste sábado em Deir Ezzor, cidade do leste da Síria, região atingida pela primeira vez por este tipo de ataque desde o início da revolta popular contra o governo de Bashar al-Assad.De acordo com o canal de televisão estatal, um terrorista detonou um carro-bomba carregado com uma tonelada de explosivos em Deir Ezzor. Autoridades informaram que um grupo de observadores da ONU já inspecionou o local.
"Imóveis residenciais e prédios públicos e privados sofreram danos importantes no bairro de Massaken Ghazi Ayyach", anunciou a emissora, que exibiu imagens dos edifícios atingidos, veículos queimados, uma enorme cratera no local e manchas de sangue nas ruas.
O opositor Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) afirmou que o atentado ocorreu em uma rua que abriga um órgão de inteligência militar e aérea, assim como um hospital militar.
Quase imediatamente, a oposição síria atribuiu ao governo "total responsabilidade" por este ataque, assim como por "todos os outros atentados criminosos" que abalaram a Síria recentemente.
O Conselho Nacional Sírio (CNS, a principal coalizão da oposição) destacou que os ataques são uma tentativa de "vingança" do regime, que fracassou nos esforços para impedir os protestos dos sírios, como os registrados na sexta-feira.
Diversos atentados sacudiram Damasco e Aleppo (a segunda maior cidade do país) nos últimos meses. Em 10 de maio, atentados provocaram as mortes de 55 pessoas na capital Damasco. A maioria dos ataques foi reivindicada por grupos praticamente desconhecidos, como a Frente Al-Nusra.
Também neste sábado, ataques e confrontos em outras localidades deixaram mais 10 mortos no país, segundo a oposição ao regime de Bashar al-Assad. Em Aleppo, norte do país e segunda maior cidade síria, uma sede do partido governista Baath foi alvo de ataques com foguetes. Em Idleb, insurgentes destruíram os transportes das tropas e mataram cinco soldados.
Os confrontos prosseguem, apesar da presença de 260 observadores da ONU responsáveis por verificar o respeito à trégua instaurada em 12 de abril como parte de um plano de paz elaborado pelo emissário internacional Kofi Annan.
Na sexta-feira, Aleppo, que até então parecia poupada da revolta popular, foi cenário das mais importantes manifestações contra o governo desde ano passado, segundo a oposição. Neste cenário, a missão dos observadores internacionais se tornou mais difícil com a multiplicação dos atentados.
A caótica situação afetou o vizinho Líbano, onde combates foram registrados em Trípoli entre sunitas contrários a Assad e alauitas favoráveis ao governo de Damasco.
Pelo menos 10 pessoas morreram nos combates e dezenas ficaram feridas, uma situação que levou o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, a criticar pela primeira vez a Síria de forma aberta.