Agência France-Presse
postado em 20/05/2012 13:06
CHICAGO - Líderes de mais de 50 países deram início neste domingo a uma cúpula da Aliança Atlântica para tentar definir uma estratégia clara e comum de saída do Afeganistão depois de mais de uma década de guerra."Entramos juntos, sairemos juntos" afirmou o secretário geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen, embora alguns países como a França tenham decidido acelerar o processo.
O novo presidente francês François Hollande, eleito dia 6 de maio, reiterou em Washington, para seu homólogo Barack Obama, que as tropas de combate da França se retirarão no final do ano.
A estratégia acordada pelos 28 membros da Aliança Atlântica e por seus sócios do mundo inteiro há dois anos era de retirar os soldados, 130 mil atualmente, até o final de 2014.
O presidente americano Barack Obama convocou a cúpula de Chicago, cidade que o lançou politicamente, em plena campanha eleitoral, para tentar reafirmar seu objetivo de ser o presidente que encerra a guerra no Afeganistão depois de fazer o mesmo com o Iraque.
"Eu não digo que o presidente Obama esteja de acordo" com a precipitada retirada das tropas francesas, reconheceu Hollande sábado, em Camp David, onde estava para uma reunião do G8 centrada na instabilidade econômica proveniente da zona do euro.
Obama precisa de um compromisso de seus sócios para uma retirada ordenada, que também reafirme seu papel de líder mundial e arrecadar dinheiro para a formação durante anos do Exército afegão, que o presidente Hamid Karzai avalia em aproximadamente 4,1 bilhões de dólares anuais.
Obama e Karzai se encontrarão antes da cúpula, que começa oficialmente às 19H15 GMT (16h15 de Brasília), em meio a grandes medidas de segurança. Organizações pacifistas e ativistas do movimento "Ocupe Wall Street" querem convocar milhares de manifestantes para sair às ruas de Chicago e ir até o centro de convenções onde se reúnem os líderes ocidentais e dos países da Ásia e Oriente Médio.
Na cúpula, também estará presente o presidente paquistanês Asik Ali Zardari, que deve se reunir com Rasmussen para negociar o acordo que permite recomeçar a provisão por via terrestre das tropas da OTAN no Afeganistão. O Paquistão vetou a circulação de comboios depois da morte de 26 soldados em novembro durante um ataque aéreo da Aliança Atlântica na fronteira.
A situação no Afeganistão será analisada pelos participantes em um jantar de trabalho neste domingo, mas antes, tratarão de outros temas como a primeira fase de um escudo antimísseis na Europa, para protegê-la de mísseis que possam vir do Irã. Esse projeto é muito criticado pela Rússia, cujo presidente, Vladimir Putin, não estará em Chicago, tendo enviado seu primeiro-ministro Dimitri Medvedev.
Medvedev chegou com uma extensa carta de Putin a Obama e, nesse contexto de tensão diplomática, a adesão de países como a Geórgia à OTAN pode não ser analisada em Chicago.
Rasmussen quer que os líderes da Aliança, reunidos na cúpula mais importante em décadas, aprovem 25 projetos de cooperação no marco de um programa chamado "Defesa Inteligente", que foi projetado para reduzir o impacto do corte de gastos militares, tanto na Europa como nos Estados Unidos.
Chicago está sob forte vigilância, com barcos da Guarda Costeira patrulhando o rio que atravessa a cidade e com grande número de agentes nas ruas. Apenas centenas de ativistas conseguiram se manifestar no sábado, e as autoridades fizeram acusações de terrorismo contra três jovens que supostamente tinham se reunido para preparar coquetéis molotov e planejar ataques durante as passeatas.