Agência France-Presse
postado em 21/05/2012 20:18
Paris - O líder da esquerda radical grega, Alexis Tsipras, advertiu nesta segunda-feira (21/5) a chanceler alemã, Angela Merkel, de que não cabe a ela decidir a realização de um referendo na Grécia sobre a permanência na zona do euro."A Grécia é um país soberano (...). Não é a senhora Merkel que deve decidir se vamos ter um referendo ou não", declarou em coletiva de imprensa Alexis Tsipras, recebido nesta segunda-feira em Paris pelo líder da esquerda radical francesa, Jean-Luc Mélenchon.
O gabinete do primeiro-ministro grego, Panayotis Pikrammenos, indicou na sexta-feira que a chanceler havia proposto a realização de um referendo sobre a permanência de Atenas no euro coincidindo com as eleições legislativas de 17 de junho. Essa ideia foi desmentida pouco depois pela chancelaria, mas causou grande revolta no país mediterrâneo.
Segundo uma pesquisa divulgada no domingo, o partido de Tsipras, o Syriza, será a força mais votada nas legislativas gregas de 17 de junho.
Em caso de vitória, Tsipras afirmou que não aceitará negociar as medidas de austeridade impostas em troca da assistência financeira concedida pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"O memorando (que contém essas medidas de rigor) não se negocia, porque o inferno não se negocia", declarou.
"O memorando leva ao inferno e foi anulado pelo povo grego nas eleições de 6 de maio, quando os partidos opostos à austeridade foram vencedores, e o serão novamente quando os gregos votarem em junho", declarou Alexis Tsipras, de 37 anos.
Segundo o líder da esquerda radical, o dilema apresentado entre a aplicação das medidas de austeridade e a permanência na zona do euro é "uma chantagem".
O líder do Syriza considerou que o verdadeiro debate está entre "a austeridade catastrófica e a esperança, começando pela anulação do memorando".
O dirigente afirmou que é muito improvável e arriscado para o conjunto da zona do euro um fim do financiamento externo, e mais ainda a saída do país do bloco, dada a imbricação do sistema financeiro no espaço da moeda comum.
"A provável saída da Grécia do euro pode dissolver a Eurozona (...). Imaginemos a Eurozona como uma cadeia de 17 elos. Se um deles se rompe, rompe toda a cadeia", afirmou.
Criticando a chanceler alemã, ele completou que Merkel "não pode se comportar com outros países como se fossem protetorados a serviço dos países fiscalmente capazes". "As eleições são o verdadeiro referendo para o futuro do país", insistiu.
O líder considerou que a solução para a crise da dívida deve ser europeia, e que o que está se vendo não são apenas planos de austeridade, mas "um experimento europeu de solução neoliberal de choque".
"Se o memorando continuar sendo aplicado por mais três ou quatro meses, será necessário um terceiro plano de resgate e uma segunda reestruturação da dívida grega", completou.