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Vladimir Putin desafia pedidos de renovação promovendo sua velha guarda

Agência France-Presse
postado em 22/05/2012 16:20
Moscou - O presidente russo, Vladimir Putin, desafiou nesta terça-feira (22/5) os apelos por renovação da elite política do país, colocando em postos-chave do Kremlin vários de seus antigos ministros e concedendo a liderança da empresa petroleira Rosneft a uma pessoa próxima. Na segunda-feira (21/5) foi anunciada a composição do novo governo russo, dirigido pelo primeiro-ministro, Dimitri Medvedev, no qual apareceram caras novas.

Nesta terça-feira (22/5), Putin, que já foi presidente entre 2000 e 2008, nomeou por decreto vários de seus ex-ministros para importantes cargos do Kremlin. O ex-ministro do Interior, Rashid Nurgaliev, cujo mandato foi marcado nos últimos meses por um escândalo de torturas policiais, é agora o secretário-adjunto do Conselho de Segurança.

Os ex-titulares de Transportes Igor Levitin, de Desenvolvimento Econômico Elvira Nabiullina, de Educação Andrei Fursenko, de Saúde Tatiana Golikova, de Comunicação Igor Shtchegolev e de Recursos Naturais Igor Trutnev, foram colocados como conselheiros no Kremlin. Outra pessoa ligada a Putin, o ex-vice-primeiro-ministro Igor Sechun, que tinha relações ruins com Medvedev, foi nomeado à frente da petroleira Rosneft, a principal empresa russa do setor.

"Não se trata da formação de uma equipe política, e sim de uma divisão de postos dentro do mesmo clã", criticou Yuli Nisnevich, professor na Escola Superior de Economia, consultado pela AFP. Medvedev respondeu às críticas ressaltando a urgência das reformas. "Qualquer estrutura, inclusive perfeita, que tenha sofrido mudanças radicais, levaria um ano para trabalhar com eficácia", declarou o primeiro-ministro, citado pela agência russa Ria Novosti.

Os observadores consideram que a composição do executivo significa, acima de tudo, que as decisões serão tomadas no Kremlin. "No passado, Putin assumia a responsabilidade por todas as questões de peso. Penso que agora assumirá uma responsabilidade maior", assegurou Alexei Kudrin, um ex-ministro das Finanças que abandonou o governo de Medvedev em setembro, citado pela Ria Novosti.

Embora durante os últimos quatro anos tenha sido primeiro-ministro, após sua passagem pela presidência entre 2000 e 2008, Putin permaneceu como o homem forte da Rússia.

Reeleito em março para um terceiro mandato, aumentado para seis anos por uma reforma constitucional, nomeou Medvedev como primeiro-ministro, depois de ter deixado a presidência. A troca de cargos irritou muitos russos e é um dos motivos da onda de protestos contra o regime que atinge o país desde dezembro.

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