Agência France-Presse
postado em 24/05/2012 17:26
Paris - O presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), Burhan Ghalioun, reconheceu nesta quinta-feira em declarações que essa coalizão opositora "não conseguiu estar à altura dos sacrifícios do povo sírio" e que a deixa por causa das divisões entre islamitas e laicos.Ghalioun, um acadêmico que vive na França, explicou à AFP que saiu da presidência do grupo para expressar a necessidade de mudar o modo de funcionamento da organização e advertir para as divisões que comprometem seu desempenho.
"Não conseguimos estar à altura dos sacrifícios do povo sírio".
"Não atendemos com a rapidez necessária às necessidades da revolução", disse.
Desde a sua criação por parte dos Comitês de Coordenação, que organizam as manifestações na Síria, os liberais, a Irmandade Muçulmana, os partidos curdos, assírios, e os independentes, "não conseguem integrar outras forças; fala-se disso o tempo todo, mas a realidade é que há uma verdadeira resistência. Cada um quer manter seus privilégios".
Ghalioun disse que o CNS "não avançou muito para integrar (...) os jovens que organizam as manifestações no terreno".
"Apresentei a minha renúncia exatamente para dizer que esta via da divisão entre islamitas e laicos não funciona, e acredito que o governo sírio ganhou porque desde o começo tentou se aproveitar dessa divisão", disse ele, que liderou o CNS por sete meses.
Ghalioun, partidário de uma linha de esquerda nacionalista árabe, considerou também que o CNS teve êxitos.
"Conseguiu unir pelo menos a maior parte da oposição, obter um reconhecimento internacional (...), organizou a ajuda humanitária e trabalhou para unificar o Exército Sírio Livre", integrado por militares desertores.
A renúncia de Burhan Ghalioun foi aceita na quarta-feira pelo CNS, que pediu a ele que permanecesse em seu posto até a eleição de seu sucessor.
O CNS, principal coalizão da oposição síria, realizará uma reunião nos dias 9 e 10 de junho para eleger seu novo presidente.