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ONU pede a presidente sírio medidas enérgicas contra a violência

Agência France-Presse
postado em 29/05/2012 18:16

Enviado da ONU, Kofi Annan (E), e norueguês General Robert Mood, chefe da Missão das Nações Unidas Supervisão na Síria (Unsmis), chegam para entrevista coletiva em Damasco

Damasco - O emissário da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, pediu nesta terça-feira (29/5) em Damasco que o presidente sírio, Bashar al-Assad, tome medidas enérgicas para por fim aos atos de violência, após o massacre de 108 pessoas na sexta-feira e no sábado em Houla (centro da Síria).

"Preciso que o presidente (Assad) aja agora e que as outras partes façam a parte do trabalho que lhes corresponde", acrescentou Annan.

"Pedi que tomasse medidas audazes agora --não amanhã, agora-- para criar as condições necessárias para por em andamento o plano" de paz, disse Annan à imprensa.

"Isso significa que o governo e todas as milícias que o apoiam devem cessar todas as operações militares", acrescentou o mediador da ONU e da Liga Árabe.

Um alto funcionário da ONU afirmou que existem "fortes suspeitas" sobre a participação das "shabiha", milícias favoráveis ao governo, no massacre de Houla.

Parte dos mortos de Houla foi vítima de estilhaços de obuses, o que implica a responsabilidade do governo sírio, o único que recorre a armas pesadas, disse Hervé Ladsous, secretário-geral adjunto da ONU encarregado das operações de paz.

As outras vítimas morreram esfaqueadas, o que "incrimina provavelmente as ;shabiha;. Não vejo motivos para acreditar que um terceiro elemento esteja envolvido na matança", acrescentou Ladsous.

O governo sírio, que nega qualquer responsabilidade no ocorrido, formou uma comissão investigadora com juízes e militares que deve apresentar um relatório na quarta-feira.

Em Genebra, Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, disse que a maioria das vítimas da matança foi executada.

"Acreditamos que menos de 20 dos 108 assassinatos podem ter ocorrido devido a disparos de artilharia e tanques", declarou Colville em uma entrevista coletiva à imprensa. "A maior parte das vítimas foi executada de forma sumária em dois incidentes diferentes", acrescentou.

"Parece que famílias inteiras foram assassinadas em suas casas", disse Colville.

Segundo uma ONG opositora, violentos combates eclodiram entre o Exército sírio e os rebeldes, deixando pelo menos 19 pessoas mortas, das quais 12 civis, nesta terça-feira. O Exército está "esgotado porque sofreu muitas baixas nos últimos dias", acrescentou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha.

Em 14 meses, a violência deixou cerca de 13 mil mortos, dos quais mais de 1,8 mil foram registrados desde o início da trégua, segundo o OSDH.

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