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Cápsula privada não-tripulada Dragon se prepara para voltar à Terra

Washington - A cápsula privada não-tripulada Dragon, da companhia americana SpaceX, se prepara para voltar à Terra após concluir uma missão histórica na Estação Espacial Internacional, informaram nesta quarta-feira (30/5) representantes da Nasa e da SpaceX.

A cápsula Dragon deve se desacoplar do laboratório orbital às 09h35 GMT (06h35 de Brasília) de quinta-feira e o pouso nas águas do Oceano Pacífico, na altura da costa californiana, está programado para as 14h44 GMT (11h44 de Brasília), informou a Nasa.

"Temos um longo caminho pela frente com a SpaceX", disse o diretor da missão, John Couluris, em um relatório à imprensa na véspera do retorno da nave após uma missão de sete dias na estação orbital.

"Já conseguimos uma vez", acrescentou, referindo-se ao voo de teste da Dragon, em dezembro de 2010, quando a cápsula entrou em órbita e retornou com segurança pela primeira vez.

"Mas ainda é uma fase do voo muito desafiadora", acrescentou. "Não a estamos encarando com leveza", emendou.

Estima-se que a cápsula faça o pouso na água, 907 km a sudoeste de Los Angeles, onde três embarcações estão em alerta para atuar como barcos de resgate.

A nave será, então, transportada para o Texas, de forma que a carga que trouxe da ISS seja devolvida à Nasa, embora a agência espacial americana tenha reportado que se qualquer coisa der errado, não há nada a bordo que seja insubstituível.

"Não há nada voltando para casa que não possamos deixar de recuperar", disse Holly Ridings, diretor de voo da Nasa.

A nave foi lançada em 22 de maio levando 521 quilos para estação espacial, incluindo comida, provisões, computadores, utensílios e experimentos científicos. Trará de volta à Terra 660 quilos de carga.

Em 25 de maio, a Dragon se tornou a primeira espaçonave privada a se acoplar à estação, um evento que autoridades da Nasa e da Casa Branca comemoraram como o início de uma nova era nos voos espaciais, na qual o setor comercial assumirá um papel maior.

Os Estados Unidos aposentaram sua frota de ônibus espaciais no ano passado, deixando as missões de carga sob responsabilidade de agências espaciais de Rússia, Japão e Europa.

Até que companhias privadas desenvolvam um veículo capaz de transportar humanos à estação orbital de US$ 100 bilhões, os astronautas dependem das cápsulas russas Soyuz ao custo de US$63 milhões.

O astronauta americano Don Pettit, que integrou a tripulação de seis membros da ISS que ajudou a descarregar e recarregar a cápsula, a descreveu como "mais espaçosa do que a Soyuz".

A cápsula branca Dragon tem 4,4 metros de altura e 3,66 metros de diâmetro e é capaz de transportar até 3.310 quilos divididos entre seu compartimento pressurizado da cápsula e o compartimento despressurizado no bagageiro.

Também foi construída para transportar até sete pessoas ao espaço, enquanto a Soyuz transporta três.

De propriedade do bilionário da internet Elon Musk, a SpaceX pretende começar a levar pessoas à Estação Espacial Internacional em 2015.

Usando parte de seu próprio capital e recursos da Nasa, a SpaceX e sua concorrente, a Orbital Sciences Corporation, provavelmente se tornarão líderes no serviço de transporte de carga à estação orbital, que deve permanecer operacional até 2020, segundo a Nasa.

A SpaceX tem um contrato de US$1,6 bilhão com a Nasa para abastecer a estação nos próximos anos, enquanto o contrato da Orbital Sciences é de US$1,9 bilhão para fazer o mesmo. O primeiro voo de testes da Orbital está previsto para o final deste ano.