Agência France-Presse
postado em 03/06/2012 13:58
Teerã - O Irã lançou neste domingo (3/6) uma nova advertência contra as consequências de um eventual ataque as suas instalações nucleares, no momento em que Israel e Estados Unidos voltam a falar da possibilidade de uma opção militar para bloquear o programa nuclear iraniano caso fracasse a diplomacia.O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, advertiu que qualquer ataque israelense contra suas instalações "recairá como um raio sobre cabeça" do Estado hebreu.
Khamenei acusa os ocidentais de "mentir" sobre a ameaça nuclear iraniana.
Autoridades israelenses e americanas voltaram a cogitar a possibilidade de ataques militares contra o programa nuclear iraniano depois do fracasso em maio das negociações em Bagdá entre as grandes potências e o Irã.
Uma última reunião de conciliação está prevista para 18 de junho, em Moscou.
"Todas as opções estão sobre a mesa", reafirmou na quarta-feira o ministro israelense de Defesa, Ehud Barak, referência a um possível ataque contra o Irã. "É preciso encontrar o momento propício antes que já não seja possível agir", completou.
O embaixador dos Estados Unidos em Israel, Dan Shapiro, declarou que seu país não tem a intenção de seguir indefinidamente com as conversações e que a "margem para uma solução diplomática tem se reduzido cada vez mais".
"Caso os dirigentes sionistas falem de uma ação militar, é porque estão aterrorizados", disse Khamenei, em um discurso pronunciado por ocasião do aniversário da morte do imã Khomeini, fundador da República Islâmica.
O principal conselheiro militar de Khamenei, o ex-comandante e chefe Guardiões da Revolução, Yahia Rahim Safavi, já havia advertido no sábado que Teerã responderia militarmente a qualquer ataque e lembrou que tanto Israel quanto as bases americanas no Oriente Médio e a V Frota americana no Golfo Pérsico estão ao alcance do arsenal de mísseis iranianos.
Teerã ameaça com frequência Israel, seu pior inimigo.
O general Rahim Safavi estimou, no entanto, que o risco de um ataque a Israel ou aos Estados Unidos é "reduzido".
"Teerã pode iniciar uma guerra, mas não pode terminá-la", disse.
O ministro iraniano de Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, reconheceu na sexta-feira que as negociações de Moscou com as grandes potências seriam "difíceis", mas ainda há esperanças para evitar uma ruptura que aumente fortemente o risco militar.
As grandes potências, começando pelos ocidentais, suspeitam que o Irã esconda um objetivo militar por trás de seu programa nuclear, condenado por seis resoluções do Conselho de Segurança da ONU desde 2006. Teerã sempre desmentiu o fato.
O guia supremo iraniano acusou de novo neste domingo os ocidentais de agitar "a mentira" da ameaça nuclear unicamente porque "têm medo do Irã" e para "dissimular seus problemas".
Contudo, sem evocar diretamente o encontro de Moscou, o líder reafirmou que o Irã não "se deterá na via do progresso político, científico ou tecnológico", apesar das ameaças e sanções internacionais que "não têm nenhum efeito e não podem deter o povo iraniano".