Agência France-Presse
postado em 12/06/2012 12:24
Oslo - Anders Behring Breivik explicou nesta terça-feira (12/6) ao tribunal de Oslo que fez piadas "para amenizar o clima" logo após sua prisão na ilha de Utoeya, onde matou dezenas de jovens no ano passado.
Durante o primeiro interrogatório realizado sobre a cena do massacre de 22 de julho de 2011, Breivik, inicialmente relutante em ser fotografado, acabou fazendo pose como se fosse fisiculturista, relatou Oerjan Tombre, o oficial que conduziu a investigação.
"Mandaram que eu tirasse minhas minhas roupas (...) Eu forcei um pouco os músculos neste momento por brincadeira, para aliviar o clima", declarou o extremista de direita no 35; dia de seu julgamento. "Eu tentei ser engraçado, mas não foi engraçado. Devo fazer uma autocrítica sobre isso", acrescentou.
Em 22 de julho, Breivik metralhou jovens social-democratas reunidos em um acampamento de verão na ilha de Utoeya, matando 69 pessoas, a maioria adolescentes. Pouco antes, detonou uma bomba perto da sede do governo em Oslo, fazendo outras oito vítimas. A saúde mental do assassino de 33 anos é o centro de seu julgamento.
Na véspera, o psicólogo Eirik Johannsen declarou que Conversar com Breivik foi como se reunir com Hannibal Lecter, o personagem canibal vivido por Anthony Hopkins no filme "O silêncio dos inocentes". O profissional afirmou estar convencido de que o extremista de direita está são o bastante para ser considerado penalmente responsável pelos assassinatos cometidos.
"Levando-se em conta sua ideologia, não penso que possa ser tratado mediante uma terapia ou com medicamentos", declarou o especialista. Johannsen ainda declarou que se encontrou durante 26 horas com o acusado em detenção e disse estar "completamente convencido de que Breivik não é psicótico".
O especialista justifica seus pontos de vista pouco comuns ao seu extremismo político, e não a uma doença. Declarado psicótico e, portanto, penalmente irresponsável por uma primeira avaliação psiquiátrica oficial, posteriormente invalidada por uma segunda avaliação, Breivik é um enigma para os especialistas.
Até o momento, nenhum dos psiquiatras e psicólogos chamados a testemunhar perante o Tribunal de Justiça - independentemente das perícias - apoiou a teoria da psicose, concentrando-se em transtornos de personalidade que não desqualificam Breivik para prisão.
Se for reconhecido criminalmente inimputável, Breivik poderá ser internado em um hospital psiquiátrico, provavelmente por toda a vida. Se for responsável, cumprirá uma pena de 21 anos de prisão, uma sentença que poderá ser prorrogada enquanto for considerado perigoso. Os juízes vão decidir esta questão no seu veredicto esperado para o dia 20 de julho ou 24 de agosto.