Agência France-Presse
postado em 14/06/2012 13:16
Londres - O primeiro-ministro britânico, David Cameron, celebra nesta quinta-feira (14/6) em Londres o 30; aniversário da rendição da Argentina na guerra das Malvinas, expressando a sua população seu firme apoio em meio à ofensiva diplomática de Buenos Aires para recuperar a soberania. A 12.800 km de Londres, em Port Stanley - a capital do arquipélago que no país sul-americano é chamada de Porto Argentino - uma cerimônia religiosa e uma parada militar também marcarão o fim da curta e sangrenta guerra, no dia 14 de junho de 1982.Cameron, que nesta quinta-feira prometeu seguir defendendo os ilhéus das "agressivas ameaças" da Argentina, pronunciará um discurso na cerimônia anual organizada no final da tarde pelo governo das Malvinas no histórico Lincoln;s Inn, segundo um porta-voz de Downing Street.
[SAIBAMAIS]A cerimônia, que também contará com a participação do chefe do Estado-Maior da Defesa, David Richards, coincidirá com a inédita intervenção da presidente argentina Cristina Kirchner no Comitê de Descolonização da ONU em Nova York, destinada a pressionar o Reino Unido para que inicie negociações sobre a soberania do território que controla desde 1833. Kirchner deve aproveitar a ocasião para responder oficialmente ao recente anúncio do governo das ilhas de que realizará um referendo para que seus 3.000 habitantes definam seu status político.
Embora o governo de Buenos Aires não reconheça os malvinenses, ao considerá-los uma "população implantada", Cameron afirmou na quarta-feira no parlamento que esperava que eles falassem de forma forte e clara nas urnas e que a Argentina ouvisse. Cameron acrescentou nesta quinta-feira que a consulta popular "estabelecerá a escolha definitiva dos ilhéus de uma vez por todas", em um comunicado destinado a lembrar os mortos no campo de batalha e a olhar para o futuro.
"Durante os últimos 180 anos, dez gerações chamaram as ilhas Falkands (denominação britânica das Malvinas) de sua casa e se esforçaram muito para assegurar um futuro próspero para seus filhos. E apesar das agressivas ameaças do outro lado do mar, estão conseguindo", afirmou em uma clara referência à Argentina, país que não citou em nenhum momento. "E assim como defendemos a população das Falklands no passado, seguiremos fazendo isso no futuro", concluiu o primeiro-ministro.
O fim da guerra, que em 74 dias deixou 649 argentinos, 255 britânicos e três ilhéus mortos, é lembrado paralelamente nas ilhas. O secretário de Estado britânico das Relações Exteriores para a América Latina, Jeremy Browne, deve participar nesta quinta-feira de uma missa de ação de graças na catedral de Port Stanley com ex-combatentes e políticos locais.
Após a cerimônia está previsto um desfile de veteranos até o chamado Monumento à Libertação, que deve levar às ruas centenas de ilhéus. Browne, o primeiro membro do governo britânico que visita o arquipélago desde janeiro de 2008, descreveu estes atos como uma mistura de "celebração e comemoração".
O 30; aniversário da guerra esteve marcado por uma escalada de tensão entre Londres e Buenos Aires, e por denúncias argentinas de uma "militarização" britânica da zona do Atlântico Sul e da campanha de exploração pelos possíveis recursos petroleiros das ilhas que várias companhias britânicas realizam em águas das ilhas.
A Argentina conseguiu o apoio de seus vizinhos latino-americanos, mas fracassou quando na última cúpula das Américas tentou somar a sua reivindicação o apoio de Canadá e Estados Unidos, país que nesta semana reiterou sua posição de "neutralidade" na disputa.