Agência France-Presse
postado em 16/06/2012 10:48
Cairo - Os colégios eleitorais abriram neste sábado no Egito para o segundo turno das primeiras eleições presidenciais após a queda de Hosni Mubarak no ano passado. A disputa é entre o ex-militar Ahmed Shafiq e o líder da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi. A comissão eleitoral egípcia estendeu por uma hora a abertura dos colégios eleitorais neste sábado. Os cerca de 13.000 colégios em todo o país fecharão às 21h hora local (16h de Brasília) em vez de às 20h00, anunciou a comissão. Mais de 50 milhões de eleitores foram convocados às urnas neste fim de semana, e os resultados oficiais são esperados para 21 de junho.
Antes da abertura, às 8h hora local (3h de Brasília), já tinham se formado filas na frente de alguns colégios, constatou um jornalista da AFP. Estas eleições dividiram o país entre os que temem um retorno do antigo regime caso Shafiq, o último primeiro-ministro de Mubarak, for eleito, e outros que se opõem à intromissão da religião na vida política no caso de uma vitória da Irmandade Muçulmana. "Voto em Mursi porque não quero que Shafiq vença. Temo Mursi, mas Shafiq ainda mais. Não queremos alguém do antigo regime", disse Nagwan Gamal, de 26 anos, diante de um colégio eleitoral do bairro de Manial, na capital.
Centenas de pessoas impacientes por votar esperavam diante de uma escola transformada em colégio eleitoral no bairro de Chobra, no Cairo, onde vivem muitos coptas (cristãos do Egito). Mursi liderou no primeiro turno, em maio, com 24,7% dos votos, e Shafiq teve 23,6%. O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSPA), a quem Mubarak entregou o poder ao se demitir em fevereiro de 2011, prometeu passar o governo do país aos civis depois que um presidente fosse eleito.
Mas na quinta-feira, o Supremo Tribunal Constitucional invalidou os resultados das eleições legislativas por um vício processual na lei eleitoral, declarando "ilegal" o Parlamento dominado pelos islâmicos. O Poder Legislativo deverá, portanto, voltar para o exército por um período indeterminado.
Mubarak, 84 anos, forçado a sair em fevereiro de 2011 por uma revolta popular após 30 anos no poder, está no serviço médico da prisão de Tora, no sul do Cairo. Entre os dois turnos das eleições presidenciais, foi condenado à prisão perpétua por seu papel na morte de uma parte dos cerca de 850 manifestantes mortos durante a revolta.