Agência France-Presse
postado em 16/06/2012 15:50
Atenas - A idade, o estilo, a carreira e, é claro, o programa político: tudo separa os protagonistas das legislativas na Grécia do dia 17 de junho, o conservador Antonis Samaras, de 62 anos, e Alexis Tsipras, de 37, figura emblemática da esquerda radical. Samaras, atual líder do partido Nova Democracia, foi aos 26 anos um dos mais jovens deputados no parlamento e uma estrela do campo conservador, antes de cair em desgraça nos anos 1990.Seu rival é tão jovem que poderia ser seu filho, embora Alexis Tsipras, com duas décadas de experiência nas costas, já seja quase um velho lobo da política grega. Depois de passar pelas juventudes comunistas do KKE no fim da década de 1980, este moreno sedutor de estilo despojado deu seus primeiros passos na política no início dos anos 1990, nos protestos de estudantes de ensino médio contra uma reforma para liberalizar o sistema educacional.
No início dos anos 2000, Tsipras, engenheiro de formação, participou da criação junto com outros pequenos grupos de esquerda da coalizão Syriza, que se diferencia dos comunistas por suas posições favoráveis à Europa. Deputado desde 2009, Tsipras surpreendeu no dia 6 de maio ao transformar seu partido na segunda força política do país, embora após as eleições não tenha alcançado acordo para formar um governo, forçando a convocação de novas eleições no dia 17 de junho.
Seu principal rival será o conservador Antonis Samaras, com quem também se diferencia por suas origens sociais.Tsipras nasceu em 1974, poucos dias depois do fim da ditadura militar, em um bairro popular de Atenas, enquanto Samaras é filho de uma grande família e sua bisavó foi a escritora Penelope Delta, uma figura histórica do patriotismo grego.
Samaras foi ministro das Relações Exteriores e em 1991 deixou o governo em meio a uma polêmica por sua intransigência nacionalista na questão da Macedônia, o novo Estado criado após a dissolução da Iugoslávia. Seu desaparecimento da vida política durou até 2009, quando assumiu a presidência do Nova Democracia, o partido do qual havia sido excluído durante um tempo.
A partir de 2010, o chefe dos conservadores luta contra as medidas de austeridade do governo socialista grego, impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE) em troca de um primeiro pacote de ajudas. Quando, no fim de 2011, surgiram os temores de que a Grécia não poderia pagar sua imensa dívida, Samaras aceitou após longas negociações apoiar o novo governo do ex-governador do Banco Central, Lucas Papademos, mas pediu uma revisão do programa de cortes.
Tsipras é um crítico incansável da austeridade, que considera ineficaz, e tem poucos amigos na Alemanha, um país que ameaça a Grécia com uma saída do euro se não respeitar as reformas econômicas. Contra os mercados e seus sócios políticos, Tsipras já anunciou sua intenção de anular o acordo com seus credores internacionais se vencer as eleições, embora ao mesmo tempo tenha afirmado que não deseja que a Grécia volte ao dracma, sua antiga moeda.
"Nossa eleição não significa que vamos sair do euro, pelo contrário", disse recentemente em suas visitas a Berlim e Paris. Ninguém pode prever o resultado deste duelo. Nas pesquisas do início de junho, Syriza e Nova Democracia estavam empatados e nenhum dos dois parece alcançar a maioria absoluta.