Renata Tranches
postado em 19/06/2012 08:31
De maioria no governo a minoria destituída de qualquer poder na política nacional. Após perder 105 cadeiras nas eleições legislativas, concluídas no último domingo (17/6), a União por um Movimento Popular (UMP), do ex-presidente Nicolas Sarkozy, estreia nesta semana pela primeira vez no papel de oposição. Em meio a uma crise de identidade, a sigla e seus caciques buscam agora um uníssono entre a ala purista e os que defendem uma aproximação com a Frente Nacional (FN), de extrema direita, que fez um regresso histórico à Assembleia Nacional, com a eleição de dois deputados. Até o próximo embate nas urnas, nas eleições municipais de 2014, a chamada direita ;republicana; ou ;clássica; enfrenta o desafio de se recompor e sobreviver a um assédio em dois flancos ; o avanço socialista, pela esquerda, e a ascensão da FN, no campo oposto.
Em sua campanha malsucedida pela reeleição, o ex-presidente Nicolas Sarkozy radicalizou o discurso na tentativa de reconquistar o eleitorado ;popular; de direita, seduzido pelo discurso anti-imigração de Marine Le Pen. Na avaliação de analistas consultados pelo Correio, esse flerte com o programa da extrema direita contribuiu para exacerbar as dúvidas existenciais da UMP. Além de não ter funcionado eleitoralmente, a guinada enfraqueceu a sigla, que completa 10 anos da fundação. Com o sucesso da FN nas urnas, a UMP vive o dilema sobre qual caminho seguir. ;Esse é o principal debate da legenda no pós-Sarkozy;, afirma o professor de ciência política Philippe Marliere, da University College, de Londres. Ele explica que há uma divisão profunda sobre o tema.