postado em 21/06/2012 07:55
Com o país ainda sob o impacto das notícias desencontradas sobre a saúde do ex-ditador Hosni Mubarak, e em meio às incertezas provocadas pela junta militar com a emissão de decretos constitucionais, o Egito entrou ontem em um período crítico para a transição política. A Comissão Eleitoral decidiu adiar o anúncio do resultado do segundo turno da eleição presidencial, disputado no sábado e no domingo entre um candidato da Irmandade Muçulmana e o último primeiro-ministro que serviu sob o governo de Mubarak - os dois declararam-se vitoriosos e a proclamação oficial estava prevista para hoje. A justificativa oficial para o adiamento foi a necessidade de examinar recursos interpostos por ambas as partes, mas nos meios políticos e entre analistas a suspeita era de que a medida tivesse conexão com uma manobra para fraudar o pleito em favor do ex-premiê.
A falta de uma nova data para a divulgação do resultado só fez aumentar a apreensão de muitos que aguardavam ansiosos pela proclamação do vencedor da primeira eleição presidencial livre na história do país. O especialista em Oriente Médio Paul Sedra, professor de história da Simon Fraser University (Canadá) e editor da revista History Compass, considera a notícia especialmente preocupante para a Irmandade Muçulmana e para os revolucionários da Primavera Árabe. "O temor é justificável: além do anúncio sobre o resultado, os militares enviaram tropa para vários pontos estratégicos ao redor do Cairo, talvez a fim de se prepararem para a reação ao anúncio de uma vitória do ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq", detalhou.