Agência France-Presse
postado em 21/06/2012 14:35
Orlando - O assassinato do jovem negro Trayvon Martin há quatro meses nos Estados Unidos provocou a destituição definitiva do delegado do condado da Flórida, onde o crime foi cometido, ao mesmo tempo em que a defesa do acusado divulgou documentos com sua versão dos fatos."Após amplas discussões e profundas considerações sobre os assuntos que a cidade de Sanford está enfrentando, determinei que o chefe de polícia precisa contar com a confiança e o respeito dos funcionários eleitos e o respaldo de toda a comunidade", afirma em um comunicado o comissário da cidade, Norton Bonaparte, ao anunciar a demissão do delegado Bill Lee.
[SAIBAMAIS]Lee estava de licença depois de ter sido muito criticado por não ter detido, em 26 de fevereiro, o vigilante voluntário George Zimmerman, acusado do homicídio de Martin, de 17 anos. O delegado afirmou que não podia deter Zimmerman, 28 anos, em função da lei da Flórida "Defenda sua Posição", que estabelece que uma pessoa é amparada pela justiça se ela alegar ter atirado em defesa própria quando ameaçada de morte.
A lei e o argumento de Zimmerman foram criticados em todo o país, dando início a um debate sobre o preconceito racial no crime pelo qual o acusado foi detido seis semanas depois do fato, quando vários protestos no país exigiam a prisão e um pedido de reflexão do presidente Barack Obama.
Nesta quinta-feira, a defesa do acusado George Zimmerman divulgou documentos e arquivos de áudio em uma página oficial da internet (Gzlegalcase.com), na qual pela primeira vez explica aos investigadores sua versão do que aconteceu na noite em que atirou contra o jovem desarmado de 17 anos.
"Em que momento você sacou a arma?", pergunta um investigador a Zimmerman. "Depois que ele bateu minha cabeça contra o concreto diversas vezes e gritei pedindo ajuda", respondeu Zimmerman. Zimmerman descreveu Martin como extremamente agressivo na noite do crime, quando ele atuava como vigia voluntário na rua em que morava com a esposa Shellie.
O acusado foi detido por mais de uma semana em abril, mas ganhou liberdade condicional graças a uma fiança de 150.000 dólares. Mas ele voltou à prisão de Sanford em 3 de junho e sua esposa foi detida no dia 12, por acusações de perjúrio por ter dado um falso testemunho ao juiz.
Segundo a promotoria, o casal mentiu ao juiz ao afirmar que não tinha dinheiro para a fiança, sabendo que contavam com centenas de milhares de dólares graças a doações de seguidores através de um site criado após o polêmico assassinato. A corte de Sanford fixou para 29 de junho outra audiência para determinar a nova fiança para Zimmerman.