postado em 26/06/2012 06:13
Três dias depois do impeachment relâmpago que destituiu o presidente Fernando Lugo, na sexta-feira, o Paraguai assistiu ontem à formação de dois governos. Lugo, que de início havia se submetido à condenação do Congresso, declarou-se em resistência pacífica, instalou um ;gabinete de restauração democrática; e chegou a chamar a si mesmo de ;presidente;. A Suprema Corte, no entanto, rejeitou ontem o apelo do mandatário destituído, que havia questionado a legalidade do processo, e o Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE) ratificou o vice Federico Franco como novo presidente e descartou a convocação de uma eleição antecipada. Franco, por sua vez, concluiu a nomeação de seus ministros e, com eles, prestou o juramento de posse. O novo chanceler, José Félix Fernández Estigarribia, ironizou as declarações do adversário e ameaçou-o com ações legais: ;Lugo é um ex-presidente e não tem função administrativa. Isso é uma piada;.
A disputa entre os dois presidentes com seus gabinetes desembarca na quinta-feira em Mendoza, na Argentina, onde se realiza a reunião de cúpula do Mercosul, com a crise paraguaia dominando a agenda, originalmente dedicada às relações comerciais do bloco. Os demais membros ; Brasil, Uruguai e Argentina, que exerce a presidência rotativa ; anunciaram no domingo que o Paraguai está suspenso do encontro, mas tanto Franco quanto Lugo declaram que irão a Mendoza. O novo chanceler paraguaio criticou a atitude dos sócios e questionou a sanção sumária imposta a seu país: ;É curioso que países que questionam a brevidade dos prazos no julgamento político (de Lugo) nos acionem sem nos dar direito de defesa;. Fernández acrescentou que lutará para reverter a punição e para evitar que ela seja estendida à União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que deve realizar um encontro extraordinário à margem da reunião do Mercosul.