Agência France-Presse
postado em 28/06/2012 12:11
Damasco - A violência e a repressão contra a revolta na Síria prosseguiam nesta quinta-feira (28/6), com um novo atentado em Damasco, a dois dias de uma reunião internacional sobre um conflito que se anuncia difícil devido à persistente recusa da Rússia em aceitar uma solução externa.
Um atentado a bomba no estacionamento do Palácio de Justiça, no centro de Damasco, deixou três feridos hoje, informaram os meios de comunicação estatais, que atribuíram os atos a "terroristas".
Na quarta-feira (27), um ataque contra o canal oficial Al-Ikhbariya, perto de Damasco, matou sete pessoas.Segundo uma fonte policial, duas bombas presas a dois veículos de magistrados foram detonadas no estacionamento.
No restante do país, os bombardeios das tropas do governo contra os redutos rebeldes e os intensos combates entre soldados e rebeldes, cada vez mais próximos da capital, sob controle das forças do regime de Bashar al-Assad, deixaram pelo menos 21 mortos, segundo uma ONG síria.
Ontem, 149 pessoas morreram em um dos dias mais violentos desde 15 de março de 2011, quando teve início a contestação pacífica, que passou a ter um aspecto cada vez mais militar devido à repressão do governo e à inação da comunidade internacional.
Centenas de pessoas, em sua maioria civis, incluindo mulheres e crianças, morreram nas últimas semanas, de acordo com ativistas.
Os bombardeios se concentram contra os redutos rebeldes de Homs (centro), Deir Ezzor (leste), Douma, perto de Damasco, e Idleb (noroeste), defendidas de maneira intensa pelos insurgentes em meio a uma situação humanitária dramática. Mais de 15,8 mil pessoas, a maioria civis, morreram em 15 meses.
Assad, cuja família governa a Síria com mão de ferro há quatro décadas, reiterou na terça-feira (26) a determinação de ganhar a guerra no país. Alegando ter o apoio de grande parte da população, o regime de Assad não reconhece os protestos e a afirma combater "grupos terroristas" sob ordens de estrangeiros.
[SAIBAMAIS] Neste contexto sombrio será realizada no sábado, em Genebra, uma reunião do "grupo de contato" sobre a Síria, por iniciativa do emissário internacional Kofi Annan, na presença dos chefes da diplomacia das grandes potências (Rússia, China, Estados Unidos, Reino Unido, França) e de três Estados árabes, assim como dos secretários-gerais da ONU e da Liga Árabe.
Annan deseja centrar o debate na instauração de um governo de coalizão que lidere a "transição", integrado por partidários de Assad e membros da oposição. As considerações de Annan sugerem que Assad pode ser excluído, segundo uma fonte diplomática na ONU.