Agência France-Presse
postado em 29/06/2012 13:07
São Petersburgo - A Basílica da Natividade de Belém, situada na Cisjordânia, entrou para o patrimônio mundial da Unesco, apesar das objeções do Estado de Israel, após uma eleição realizada nesta sexta-feira, na Rússia. Pouco depois do anúncio, a Autoridade Palestina saudou esta decisão, considerando que constituía uma "vitória da justiça".
A candidatura do Caminho das Peregrinações e deste templo de Belém, onde, segundo a tradição cristã, Jesus nasceu, passou assim pelo exame de 36 sítios feito pelo Comitê de Patrimônio Mundial desta organização da ONU, reunido em São Petersburgo. O resultado da votação foi 13 votos a favor, seis contra e duas abstenções.
É a primeira vez que a Palestina - que se converteu em membro da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura em 31 de outubro de 2011 - solicitou a inscrição de um sítio seu na lista do Patrimônio da Humanidade. No entanto, os especialistas do Conselho Internacional dos Monumentos e Lugares, que avaliam previamente as candidaturas, emitiram uma opinião negativa, estimando que os palestinos não realizaram uma avaliação detalhada e completa das ameaças que o lugar sofre.
Em compensação, o vice-prefeito de Belém, George Saade, considerou importante que "os turistas percorram este circuito e visitem Belém como uma cidade palestina", aludindo assim ao controle que exerce o Estado de Israel sobre o turismo na Terra Santa. Depois de divulgada a decisão da Unesco, o porta-voz de Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, afirmou que "este reconhecimento global dos direitos do povo palestino constitui uma vitória para nossa causa e para a justiça".
[SAIBAMAIS]Em 31 de outubro de 2011, os palestinos conseguiram uma vitória diplomática de grande força simbólica ao se converterem no país de número 195 da Unesco, em uma votação da Conferência Geral, que só registrou 14 votos contra. Estados Unidos e Israel criticaram esta decisão. Os Estados Unidos, por sua vez, se declararam profundamente decepcionados com a inscrição da basílica, segundo afirmou o embaixador americano ante a Unesco, David Killion. "Esse sítio é sagrado para todos os cristãos. (A Unesco) não deveria ser politizada", afirmou o embaixador em um comunicado, que assinala que o procedimento de emergência utilizado neste caso cabe apenas a sítios ameaçados de destruição iminente.
"O procedimento de emergência existente nesta instância está reservado aos casos extremos, em particular quando o sítio está ameaçado de destruição iminente", segundo embaixador. "Em 40 anos, o procedimento de emergência só foi utilizado quatro vezes e apenas em casos extremos, sempre seguindo recomendações de instâncias do conselho", afirmou ainda.
A decisão está em contradição com uma recomendação oficial do Conselho Internacional sobre Monumentos e Sítios, acrescentou. A Basílica da Natividade, que data do século IV, é uma das igrejas mais antigas da cristandade. Sua inclusão na lista da Unesco garante ajudas para sua restauração. O templo é administrado pela Igreja Ortodoxa Grega, a Igreja Apostólica Armênia e o Patriarcado latino (católico) de Jerusalém.