Agência France-Presse
postado em 05/07/2012 16:00
Caracas - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, rejeitou nesta quinta-feira (5/7) acusações do Paraguai contra o chanceler Nicolás Maduro, que teria cometido uma "grave intervenção" durante o processo de destituição do presidente Fernando Lugo, e ordenou a saída dos adidos militares venezuelanos de Assunção."Acusam Nicolás (Maduro) de promover um golpe no Paraguai e por se reunir com generais paraguaios. É claro que os generais estavam lá (...) e que ele também, cumprindo com uma missão da Unasul", disse Chávez em um discurso na Assembleia Nacional, destacando que determinou a retirada dos adidos militares em Assunção.
"Ordenei que (os adidos militares) fossem para Buenos Aires porque há ameaças de morte, ameaças contra nossa embaixada, que acusam de estar preparando um golpe" no Paraguai, revelou Chávez no discurso realizado por ocasião do 201; aniversário da declaração de Independência da Venezuela.
Chávez afirmou que Maduro integrou uma delegação de chanceleres da União Sul-Americana de Nações (Unasul) que viajou a Assunção "justamente para evitar um golpe" contra Lugo. "Mas o golpe estava ;cantado;, por decisão do Pentágono, e agora há lá um enclave autoritário", disse Chávez sobre o presidente paraguaio, Federico Franco. "Tremendo chanceler é o companheiro Nicolás Maduro, e foi declarado ;persona non grata; pelos golpistas do Paraguai".
Na quarta-feira (4/7), o Paraguai anunciou a retirada de seu embaixador na Venezuela e declarou "persona non grata" o embaixador de Caracas em Assunção, diante do que qualificou de "grave intervenção" por parte do chanceler Maduro na crise de destituição de Lugo.
A presença de Maduro no Palácio de Governo junto aos comandantes militares das três armas, poucos minutos antes de ser divulgado o veredicto do julgamento político contra Lugo, foi registrada por um vídeo divulgado na terça-feira por ordem do presidente Federico Franco.
A Justiça do Paraguai anunciou na segunda-feira o início de uma investigação sobre a suposta intromissão de Maduro junto aos comandantes militares para evitar a destituição de Lugo.
Na semana passada, a ministra da Defesa do Paraguai, Maria Liz García de Arnold, acusou Nicolás Maduro de convocar os comandantes militares a agir para defender Lugo, destituído em 22 de junho passado.
O chanceler Maduro "incitou os chefes militares a reagir a uma situação que afetava o presidente". "Pediu que agissem naquele momento, de acordo com os acontecimentos", em reunião que ocorreu uma hora antes da decisão do Senado que destituiu Lugo, afirmou a ministra.
Nesta quinta-feira (5/7), Chávez também acusou alguns "senadores paraguaios", sem citar nomes, de pedir dinheiro a Caracas para permitir a entrada da Venezuela no Mercosul, o que finalmente foi aprovado após a suspensão do Paraguai do Bloco até a realização de eleições no país, em abril próximo.[SAIBAMAIS]
"Um grupo destes senadores, dos que deram o golpe, nos pediram dinheiro para aprovar nossa entrada no Mercosur. Disse a Nicolás para mandá-los ao diabo, estas verdadeiras máfias pedindo dinheiro", revelou Chávez, afirmando que "há testemunhas brasileiras e argentinas" desta chantagem.