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Violência na Síria não mostra redução às vésperas de reunião em Paris

Agência France-Presse
postado em 05/07/2012 19:18
Damasco - O conflito armado na Síria não mostrava nesta quinta-feira (5/7) sinais de redução na véspera de uma reunião internacional em Paris que debaterá o destino do presidente sírio, Bashar al-Assad, mas que é boicotada pela Rússia, aliada de Damasco.

Neste contexto, Moscou confirmou ter sido solicitado para oferecer asilo político ao presidente Bashar al-Assad, classificando a proposta de "brincadeira".

A China se juntou à Rússia anunciando que também boicotará a conferência dos Amigos do Povo Sírio, que deve reunir mais de cem países árabes e ocidentais, assim como organizações internacionais e representantes da oposição síria.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, viajou nesta quinta-feira para Paris, enquanto o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, afirmou que a França e os Estados Unidos trabalharão "de mãos dadas" na questão síria.

Para tentar novamente pôr fim a cerca de 16 meses de violência, a reunião de Paris reafirmará a sua "condenação à repressão" e apresentará "coisas concretas" para fazer pressão sobre o governo, apoiar a população e a oposição, segundo uma fonte diplomática.

Os combates entre soldados e rebeldes, assim como o bombardeio de redutos dos insurgentes eram mantidos incessantemente nesta quinta-feira (5/7).

No dia seguinte a uma nova jornada sangrenta que deixou cerca de 100 mortos, em sua maioria civis, o registro da violência chegava nesta quinta-feira a 27 mortos em todo o país, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

O fluxo de refugiados permanecia intenso nos países vizinhos. Entre 4.000 e 5.000 sírios chegaram nesta semana à Jordânia, anunciou nesta quinta-feira o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).

Um 15; general sírio e vários oficiais desertaram na quarta-feira, cruzando a fronteira com a Turquia. Segundo especialistas, essas novas deserções derrubam o moral do Exército. Washington saudou essas deserções, com o Departamento de Estado indicando que espera que "continuem em um bom ritmo".

Em uma entrevista concedida nesta quinta-feira ao jornal turco Cumhuriyet, Assad disse novamente que conta com o apoio do povo sírio, assegurando que os manifestantes tinham sido "pagos" por forças estrangeiras para desestabilizar seu país.

Desde o início da revolta em março de 2011, o governo não reconhece a amplitude ou movimento, classificado de "terrorismo" por Assad. "Se eu não tivesse o apoio do povo, teria sido derrubado como o xá do Irã (Reza) Pahlavi. Todos aqueles que pensavam que eu teria o mesmo destino, se enganaram", acrescentou Assad.

Não aos observadores armados

Frente ao recrudescimento da violência, o chefe dos observadores da ONU na Síria, general Robert Mood, criticou a comunidade internacional, que, segundo ele, apenas faz reuniões em "hotéis de luxo".[SAIBAMAIS]

Forçado a suspender em meados de junho as operações dos 300 homens sob suas ordens em razão da violência, ele se manifestou nesta quinta contra a ideia de um fornecimento de armas aos observadores, considerando que isso modificará radicalmente as relações com a população.


No dia 30 de junho em Genebra, as grandes potências, incluindo a Rússia, assim como a Turquia e os países árabes, chegaram a um acordo sobre os princípios de uma transição na Síria, mas divergiram em sua interpretação.

Washington considerou que o acordo abriria o caminho para o fim da era "pós-Assad", enquanto Moscou e Pequim reafirmaram que cabia aos sírios determinar o seu futuro. O presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, aliado de Damasco, considerou que os sírios devem poder "decidir livremente seu destino".

E o chefe da diplomacia iraquiana Hoshyar Zebari, cujo país mantém um neutralidade benevolente em relação ao regime, descartou a ideia de uma saída da crise, como ocorreu no Iêmen, onde o chefe de Estado cedeu seu lugar a seu vice-presidente em troca de imunidade. A oposição síria também está dividida e suas negociações na segunda e na terça-feira no Cairo terminaram de forma tensa, inclusive com agressões físicas.

Enquanto isso, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, pediu que a Síria evite qualquer escalada com a Turquia, depois que um avião de combate turco foi abatido pela defesa síria.

Por fim, o WikiLeaks começou a revelar cerca de 2,5 milhões de mensagens eletrônicas sobre a Síria, envolvendo principalmente empresas ocidentais que colaboraram com Damasco após o início da repressão, segundo o site.

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