Agência France-Presse
postado em 06/07/2012 16:33
Lima - O presidente peruano Ollanta Humala propôs nesta sexta-feira (6/7) um bispo da Igreja católica para mediar um conflito originado pelos protestos contra um projeto da empresa mineradora americana Newmont na cidade de Cajamarca, que esta semana deixou cinco mortos."Estamos propondo o monsenhor Miguel Cabrejos, para que possa se abrir um espaço de diálogo em Cajamarca a fim de pôr fim ao conflito", afirmou o presidente.
Em sua primeira declaração a respeito, Cabrejos, figura respeitada dentro da Igreja católica, confirmou ter aceitado o pedido de mediação, mas enfatizou que atuará para acalmar os ânimos e proporcionar um diálogo racional.
Cinco pessoas morreram entre terça e quarta-feira em Cajamarca, região em que o governo declarou estado de emergência numa tentativa de frear os protestos contra o projeto de mineração Conga, no qual a Newmont planeja investir 4,8 bilhões de dólares.
Os confrontos ocorreram no contexto de uma greve por tempo indeterminado que já leva 33 dias em Cajamarca contra o projeto da mineradora americana. Os conflitos fizeram o governo peruano decretar na noite desta terça-feira estado de emergência e a militarização de três províncias na região de Cajamarca, informou o ministro da Justiça, Juan Jiménez.
[SAIBAMAIS]A medida restringe o direito de reunião, a inviolabilidade da residência e a livre circulação de pessoas, entre outras coisas, lembrou o ministro da Justiça. O estado de emergência, uma medida prevista pela lei peruana, autoriza ainda as forças armadas a apoiar a polícia na vigilância e controle da ordem pública.
Cerca de 1 mil manifestantes protestaram pelas ruas dessa cidade e tentaram tomar a sede da prefeitura, mas foram contidos por oficiais antimotins que lançaram bombas de gás lacrimogêneo e utilizaram cassetetes para dispersá-los, informaram redes de rádio.
O Ministério do Interior condenou as ações dos grevistas e disse que estes "ultrapassaram o protesto social para realizar atos delinquentes".