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Emissário da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan admite fracasso na Síria

postado em 07/07/2012 15:00
Paris - O emissário da ONU e da Liga Árabe Kofi Annan, autor de um plano de solução para a crise na Síria que não saiu do papel, admitiu que não teve êxito em sua missão e que é partidário de associar o Irã às negociações, em entrevista ao jornal francês Le Monde.

"Esta crise se prolonga há 16 meses, mas comecei a me envolver nela há três meses. Foram feitos muitos esforços para tentar resolver esta situação de forma pacífica e política. És evidente que não tivemos êxito. E talvez não haja garantia alguma de que vamos ter", admitiu Annan.

O ex-secretário-geral da ONU afirmou ainda que a Rússia, ligada ao regime do presidente sírio Bashar al Assad, tem um papel-chave e se declarou favorável a associar o Irã ao debate. Até hoje, Moscou bloqueou todas as iniciativas de ação internacional contundente contra Damasco.

"A Rússia tem influência, mas não estou certo de que os acontecimentos dependam apenas da Rússia. O Irã é um ator. Deveria tomar parte da solução. Tem influência e não podemos ignorar isso", assegurou Annan.


As declarações de Annan acontecem no dia seguinte à reunião dos países árabes e ocidentais que pediram ao Conselho de Segurança da ONU que adote uma resolução obrigatória que inclua uma ameaça de sanções contra Damasco.

Os países Amigos do Povo Sírio, reunidos pela terceira vez, afirmaram em suas conclusões que o presidente sírio "Bashar al-Assad deve abandonar o poder".

Foi pedido ao Conselho de Segurança que "desempenhe seu papel (...) adotando urgentemente uma resolução sob o capítulo VII" para fazer com que sejam aplicados os acordos internacionais sobre uma transição política na Síria, país no qual 16 meses de repressão e combates deixaram mais de 16.500 mortos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização com sede em Londres.

O capítulo VII da Carta das Nações Unidas permite aplicar sanções e inclusive um recurso à força contra os que não respeitarem uma resolução.

As conclusões publicadas na sexta-feira limitam na fase atual os meios de pressão à ameaça de sanções "que não envolvam o emprego da força armada", em virtude do artigo 41 da Carta. No entanto, o artigo 42 indica que, se o Conselho de Segurança considerar que as medidas tomadas no âmbito do artigo precedente são "inadequadas", pode recorrer ao uso da força.

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