Agência France-Presse
postado em 11/07/2012 14:06
Camboja - As ambições territoriais de Pequim no mar da China Meridional estarão no centro nesta quinta-feira (11/7) de uma conferência sobre segurança na qual os países do sudeste asiático exigirão soluções multilaterais aos litígios regionais.Os ministros das Relações Exteriores da Ásia e dos Estados Unidos se reúnem em Phnom Penh para sua reunião anual, em um contexto de crescentes tensões nestas águas disputadas, em particular entre China e Vietnã, por um lado, e China e Filipinas, por outro.
Durante reuniões preparatórias realizadas nesta semana, a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) alcançou um acordo sobre os "principais elementos" de um "código de conduta" que deve diminuir as tensões e prevenir os conflitos, indicou a presidência cambojana do bloco regional.
O texto sugere em particular se basear na convenção da ONU sobre os direitos marítimos. Embora os dez países do bloco (Filipinas, Vietnã, Malásia, Brunei, Indonésia, Cingapura, Tailândia, Mianmar, Camboja e Laos) afirmem poder terminar até o fim do ano este código no qual trabalham há dez anos, o mais difícil será conseguir que a China o assine.
"Os que esperam um código de conduta ficarão decepcionados: ainda há um longo caminho a ser percorrido", destacou Evelyn Goh, do Singapore Institute of International Affairs.
A China destacou que o código de conduta será discutido no "momento oportuno" e não deve ser utilizado para os conflitos territoriais. "Não está destinado a resolver as disputas, mas a construir uma confiança mútua e a aprofundar a cooperação", insistiu seu porta-voz de Relações Exteriores, Liu Weimin.
Pequim e Hanói disputam os arquipélagos das Paracelso e das Spratly, supostamente ricos em hidrocarbonetos e através dos quais passam vias marítimas internacionais. Filipinas, Brunei, Malásia e Taiwan também reivindicam as Spratly em parte ou em sua totalidade.
A China sempre privilegiou um enfoque bilateral a esta disputa fronteiriça, enquanto a ASEAN, apoiada pelos Estados Unidos, é partidária de um contexto multilateral.
"Sem dúvida a China se opõe ao desenvolvimento pelos países da ASEAN de uma posição coletiva sobre a questão, porque sente que seu poder de negociação diminuiria", comentou Goh.
Ainda que os sócios do sudeste asiático conquistem um acordo, o texto pode ficar privado de tudo o que a China não quer, previu Carl Thayer, da universidade de New South Wales, na Austrália. "As perspectivas de obter um código de conduta realmente coercitivo não são boas".
A rivalidade entre Pequim e Washington também ocupará um lugar importante nesta reunião, já que o secretário americano de Defesa, Leon Panetta, informou no fim de junho sobre a mobilização de grande parte da frota americana em direção ao Oceano Pacífico até 2020.
[SAIBAMAIS]Embora no passado os americanos tenham insistido na importância estratégica da liberdade de navegação na região, a secretária de Estado, Hillary Clinton, tentará nesta semana acalmar as tensões, assegurou na segunda-feira um responsável governamental americano.
Os protagonistas devem perceber que certos acontecimentos podem "corroer a confiança sobre a qual a prosperidade da Ásia foi construída", destacou.