O Paraguai não deveria ser suspenso da Organização dos Estados Americanos (OEA), apesar da destituição do presidente Fernando Lugo, declarou nesta quarta-feira (11/7) a secretária de Estado adjunta para a América Latina, Roberta Jacobson.
A crise provocada pela saída de Lugo do poder deve ser um motivo para unir a região, em vez de dividi-la, disse Jacobson a jornalistas, na primeira reação explícita do governo americano sobre o caso. Em um encontro com correspondentes, Jacobson negou também que seu país queira estabelecer uma base militar neste país.
Lugo foi destituído em uma sessão extraordinária do Congresso paraguaio no dia 22 de junho, e até agora o governo americano tinha se mantido em uma posição prudente, à espera de que a OEA examinasse o assunto.
"Neste momento, não parece realmente haver motivo para suspender o Paraguai da OEA", declarou Jacobson aos jornalistas. O secretário-geral da organização regional, José Miguel Insulza, que viajou ao Paraguai na semana passada, também se manifestou contra a suspensão do Paraguai após um polêmico debate na sede da organização em Washington.
Os membros da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e do Mercosul decidiram em troca afastar o novo governo paraguaio em represália pelo que alguns mandatários da região consideram ser um golpe de Estado.
"Vejo o Paraguai como uma forma de nos unirmos como região, para apoiar a democracia paraguaia, não como um tema que exacerbe as divisões", enfatizou Jacobson.
[SAIBAMAIS]Insulza propôs aos representantes permanentes dos 34 países da OEA uma missão que monitore a situação no Paraguai e a organização se reunirá nos próximos dias para debater essa proposta e decidir se toma alguma decisão sobre o Paraguai. O Brasil alertou nesta quarta-feira que essa era apenas uma proposta de Insulza, e não uma posição definitiva de toda a OEA. "A noção de que a OEA siga comprometida com uma missão é muito positiva", disse Jacobson.
A imprensa paraguaia havia citado um deputado sobre a possibilidade de que os Estados Unidos instalem uma base militar a cerca de 250 km da fronteira boliviana.
"Não temos interesse algum em promover uma base ou uma presença militar mais além de nossa parceria normal com o Paraguai no combate às drogas", disse Jacobson.