Agência France-Presse
postado em 12/07/2012 10:29
Ramallah - O sobrinho de Yasser Arafat, Nasser al-Qidwa, acusou nesta quinta-feira (12/7) Israel de ter provocado a morte de seu tio no ano de 2004 envenenando-o com polônio e exigiu que "os responsáveis por este assassinato sejam julgados". "Israel não está envolvido na morte de Arafat", respondeu o governo israelense em uma declaração de Mark Regev, o porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu."Desde o martírio do falecido presidente Yasser Arafat, dissemos que foi assassinado por envenenamento, mas não tínhamos uma prova tangível. Mas depois do documentário da Al-Jazeera que afirma que foi envenenado com polônio, já não há dúvida alguma", disse à AFP Nasser al-Qidwa, que também preside a fundação Yasser Arafat. "Acusamos Israel de ter envenenado Yasser Arafat com esta substância mortal e exigimos que os responsáveis por este assassinato sejam julgados", disse por telefone de Genebra.
Segundo um documentário da rede de televisão do Qatar Al-Jazeera, transmitido no dia 3 de julho, o Institute for Radiaton Physics de Lausanne (Suíça) analisou amostras biológicas dos objetos pessoais de Arafat em posse de sua viúva, Suha Arafat, e que foram entregues pelo hospital Percy, perto de Paris, onde morreu em 2004. O laboratório encontrou nessas amostras "uma quantidade anormal de polônio", segundo o documentário.
A Fundação Arafat entrou em contato com o laboratório suíço para informar que "não há objeções caso seja necessário analisar amostras do corpo (de Arafat)", disse Qidwa. A Fundação publicou nesta quinta-feira (12/7) em seu site (www.yasserarafat.ps) o dossiê médico do histórico líder palestino, que não determina as causas de sua morte.
Exumação do corpo
O presidente palestino, Mahmud Abbas, e Suha Arafat já deram seu aval para que possam ser retiradas amostras dos restos mortais do líder palestino enterrado em um mausoléu de Ramallah, o que implicaria a exumação de seu corpo.
"Os israelenses e todas as declarações de seus dirigentes indicavam que queriam se livrar de seu presidente falecido", lembrou o chefe da comissão de investigação palestina sobre a morte de Arafat, Tawfiq Tirawi. "É impossível que os israelenses não estejam por trás, sem descartar a participação de palestinos", afirmou.
Desde abril de 2002, Yasser Arafat era perseguido em Ramallah sob pressão de Israel e saiu apenas para se tratar na França. Morreu em 11 de novembro de 2004 no hospital de Percy, perto de Paris.
Os líderes palestinos pediram na semana passada uma comissão internacional de investigação, como a que foi formada após o assassinato do ex-primeiro-ministro do Líbano Rafic Hariri, em 2005.
O polônio é uma substância radioativa muito tóxica que em 2006 serviu para envenenar em Londres Alexander Litvinenko, um ex-espião russo que havia se convertido em opositor ao presidente Vladimir Putin.
No documentário da Al-Jazeera, o diretor do laboratório suíço, François Bochud, assegura que "a única maneira" de esclarecer o mistério é "a exumação de Arafat para se ter uma amostra com um alto conteúdo de polônio, caso tenha sido envenenado".