Mundo

Ennahda, partido islamita do governo tunisiano, faz apelo por consenso

Agência France-Presse
postado em 12/07/2012 18:41
Le Kram - As lideranças do Ennahda, partido islamita no poder na Tunísia, fizeram nesta quinta-feira (12/7)um apelo ao consenso em seu primeiro grande congresso desde 1988, em uma tentativa de eliminar os temores de uma possível guinada autoritária de um movimento que se define como moderado.

"Este congresso é o da união do povo tunisiano. Somos um povo unido", disse o chefe do partido, Rached Ghanuchi, diante um grande grupo de partidários. "Quero tranquilizar o povo, o país está em boas mãos. Este país precisa de um consenso nacional", acrescentou na abertura do congresso, que é realizado até domingo em Kram, subúrbio de Túnis.

O líder do Ennahda considerou "normais" após uma revolução os problemas da Tunísia e as tensões dentro da coalizão governamental entre seu partido e duas formações de centro-esquerda, o Congresso para a República (CPR) e o Ettakatol.

O presidente da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) e líder do Ettakatol, Mustafa Ben Jafaar, havia dito, por sua vez, que é preciso lutar contra toda forma de ditadura, em particular contra aquelas baseadas na religião.

O primeiro-ministro Hamadi Jebali, de Ennahda, prometeu se comprometer com a democracia e os direitos humanos e buscar um consenso dentro da coalizão no poder. "Precisamos reforçar o caráter cívico do movimento (Ennahda) e seu apego à liberdade, aos avanços da sociedade e à defesa da identidade e da referência islâmica", acrescentou.

Temor de uma guinada autoritária

A oposição teme um giro autoritário do partido islamita, sobretudo, depois da decisão do governo de extraditar o ex-primeiro-ministro líbio Al-Baghdadi al-Mahmudi, apesar da oposição do presidente do país, Moncef Marzuki.


A organização encarregada de reformar o setor dos meios de comunicação para garantir sua independência acusou, por sua vez, o governo de utilizar "instrumentos de desinformação e de censura".

O partido islamita, também criticado por sua falta de força contra o movimento salafista, desistiu, no entanto, a incluir a sharia na futura Constituição, cujo conteúdo, que se está sendo elaborado, provoca grandes divergências dentro da coalizão governamental.

O Ennahda, maior partido político da Tunísia, foi violentamente reprimido pelo presidente Zine el Abidin Ben Ali, que foi derrubado após a revolução de 2011. O congresso deste fim de semana, do qual participarão entre 25.000 e 30.000 pessoas, é o primeiro organizado fora da clandestinidade.

Na sexta-feira (13/7) e no sábado (14/7) os milhares de delegados presentes debaterão sobre as punições, com o objetivo de conciliar as posições de moderados e radicais. No domingo (15/7), os delegados se pronunciarão sobre as moções, que guiarão a estratégia política do partido, sua posição em alianças, sua orientação sobre os problemas sociais e determinarão sua organização interna.

Também elegerão a direção do movimento que, a não ser por uma surpresa de última hora, deve ser mantida com Rached Ghanouchi.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação