Agência France-Presse
postado em 13/07/2012 12:44
Berlim - O governo alemão está preocupado pelo recente veredicto de um tribunal que condenou a circuncisão religiosa e deseja proteger esta prática em nome da liberdade de culto, indicou nesta sexta-feira um porta-voz da chefe de governo, Angela Merkel."Em nome do governo, de todos os membros deste governo, digamos as coisas claramente: queremos que exista uma vida religiosa judaica, que uma vida religiosa muçulmana seja possível na Alemanha", disse o porta-voz Steffen Seibert em uma coletiva de imprensa. "A liberdade das atividades religiosas é um direito ao qual estamos muito apegados", acrescentou Seibert, e assegurou que o governo alemão quer encontrar uma solução.
[SAIBAMAIS]"As circuncisões que são realizadas com responsabilidade não deveriam ser perseguidas. Nós nos preocupamos que este antigo costume religioso não possa ser realizado em um clima jurídico pacificado", disse o porta-voz em sua primeira intervenção após a polêmica decisão de um tribunal de primeira instância de Colônia, publicada no fim de junho. O tribunal considerou que a ablação do prepúcio por motivos religiosos é um ferimento intencional e, portanto, é ilegal. "O direito de uma criança a sua integridade física prima sobre o direito dos pais", segundo a sentença.
A Alemanha conta com uma comunidade de cerca de quatro milhões de muçulmanos e de cerca de 200 mil judeus. A Torá, o livro histórico dos mandamentos dos judeus, impõe a circuncisão (a ação de cortar de forma circular uma parte do prepúcio) até oito dias depois do nascimento. O Alcorão não exige o procedimento, mas a tradição o impõe.